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O renascimento de uma lenda em Nova Iorque

Oito anos e dois mil milhões de dólares depois, o Waldorf Astoria volta a abrir as portas em Nova Iorque. “The greatest of them all” voltou ao ativo.

O número 301 da Park Avenue, entre as ruas 49 e 50, um quarteirão inteiro em Midtown Manhattan, em Nova Iorque, é especial. É ali a porta de entrada para o Waldorf Astoria, que é muito mais do que um hotel, é um ícone da Big Apple e dos próprios Estados Unidos da América, desde o primeiro dia.
Foi inaugurado a 1 de outubro de 1931, na sua atual forma e localização, em plena Grande Depressão, como uma afirmação de luxo e modernidade, com a presença de cerca de 2.000 pessoas no Grand Ballroom. Com quase 2.000 quartos em 47 andares e 191 metros, a maravilha arquitetónica Art Déco desenhada por Schultze & Weaver era o maior e mais alto hotel do mundo e marcava o skyline nova-iorquino.
Naquele primeiro dia começou a construir-se uma lenda. Herbert Hoover, presidente da República, marcou a inauguração com um discurso pela rádio, a partir de Washington. Depois, foi como um anexo da Casa Branca, acolhendo todos os presidentes de Hoover a Barack Obama.
O lendário compositor Cole Porter viveu na suite 33A durante anos, nas décadas de 30 e 40. Marilyn Monroe, a estrela de “O Pecado Mora ao Lado”, viveu no Waldorf Astoria em 1955, na luxuosa suite 2.728, enquanto frequentava aulas de representação no Actors Studio. Frank Sinatra, que cantou Porter, mudou-se para a Park Avenue em 1979, com a mulher, Barbara, e ocupou a mesma suite do compositor, por um milhão de dólares (cerca de 860 mil euros ao câmbio atual) por ano. Glamour a rodos. A primeira cerimónia de entrega dos Tony teve lugar no Grand Ballroom. Ali também se realizou a festa de noivado do príncipe Rainier do Mónaco e Grace Kelly. E mais, muito mais. Por isso, Conrad Hilton o cobiçava e tinha uma fotografia da fachada na sua secretária.
Conrad Hilton acabou por ficar com o Waldorf Astoria, mas a cadeia hoteleira que ostenta o seu nome vendeu-o em 2104 ao grupo segurador chinês Anbang por 1,95 mil milhões de dólares (cerca de 1,68 mil milhões de euros), o mais alto valor pago por um hotel e um sinal dos tempos. Por estar em mãos chinesas, Joe Biden e Donald Trump nunca lá ficaram enquanto presidentes.
O novo dono encerrou o hotel em 2017 para renovação, faliu entretanto, deixando o Waldorf Astoria nas mãos do grupo segurador chinês Dajia, controlado pelo Estado. Depois de dois mil milhões de dólares (cerca de 1,7 mil milhões de euros) e de oito anos, o ícone ressurge. Começou a ser aberto ao público esta semana.
A transformação do Waldorf Astoria foi liderada pelos arquitetos Skidmore, Owings & Merrill (os mesmos do One World Trade Center), que recuperaram a traça original. Os murais do hotel foram restaurados pela ArtCare Conservation. Os interiores foram desenhados por Pierre-Yves Rochon (responsável pelo Savoy, em Londres, ou o The Peninsula Shanghai) e os interiores residenciais e comodidades ficaram a cargo do parisiense Jean-Louis Deniot.
Os pisos superiores do renovado Waldorf Astoria foram convertidos em 375 apartamentos luxuosos, mantendo-se 375 quartos de hotel nos 18 pisos inferiores. O hotel tem três restaurantes: Peacock Alley, Lex Yard e Yoshoku. A partir de setembro, abrirá os espaços comuns, 17, incluindo o Grand Ballroom.
O objetivo é manter vivo tudo o que fez com que Conrad Hilton considerasse este hotel “The greatest of them all”.

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