O negócio da saúde vai de vento em popa e último ano foi mesmo “memorável” para a B. Braun, multinacional alemã de dispositivos médicos que entrou em Portugal há 40 anos. A empresa registou “o maior volume de vendas” – mais de 87 milhões de euros – desde a fundação em solo luso, ambiciona este ano crescer 7% e considera “natural” que a equipa, hoje com mais de 500 trabalhadores, aumente “na mesma proporção”.
Estes são ojetivos traçados por Rodrigo Barroso, novo diretor-geral da B. Braun Portugal, em entrevista ao Jornal Económico (JE). O caminho para atingir as metas para este ano passa pela “consolidação da posição como parceiro estratégico tanto no setor público como no privado” e na aposta em projetos que a empresa tem vindo a desenvolver nos últimos anos.
Um desses novos projetos, destaca Rodrigo Barroso, é o ‘Transcare’, “um serviço complementar de transição de cuidados entre o hospital e a casa dos doentes que precisam de nutrição parentérica e entérica [quando a oral não é possível] no domicílio”. Nas palavras do diretor-geral da B. Braun Portugal, este é “um projeto de tecnologia em saúde inovador, complexo e que tem potencial para ajudar muitos hospitais com o desafio de libertar camas hospitalares e reduzir custos de internamento”.
Ao mesmo tempo, “como líderes de mercado em terapias de infusão”, a B. Braun quer continuar o “movimento de upgrade e atualização do parque de equipamentos dos clientes”, o que, defende Rodrigo Barroso, “trará maiores possibilidades de melhorias de processo e redução de custos”. É também intenção da empresa continuar a ampliar a rede de clínicas de hemodiálise e serviços complementares de transição de cuidados entre o hospital e o domicílio, nos quais já tem uma “vasta experiência”.
Com um portefólio de produtos que cobre mais de 15 áreas terapêuticas, incluindo na oncológica, B. Braun tem tido uma “colaboração recíproca” com os principais grupos privados de saúde (Luz, CUF, HPA, entre outros) na ampliação de serviços, acompanhando e contribuindo para o dinamismo do setor.
Não obstante, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) representa quase 60% do volume de negócios” da multinacional alemã, afirma Rodrigo Barroso, enfatizando a “longa história de colaboração” que envolvem “soluções personalizadas que contribuem para a melhoria contínua dos cuidados de saúde pública no país”.
O responsável não deixa, porém, de reconhecer que o endividamento do SNS“gera alguns desafios” na gestão da B. Braun, impactando na operação da empresa.
“Um dos aspetos são os longos prazos de pagamento das entidades públicas, o que acaba por gerar um desafio de tesouraria que se reflete no nosso working capital. Um exemplo é o pagamento do IVA ao Estado em 45 dias de tudo o que é faturado ao SNS, mas essa faturação só é paga pela entidade vários meses depois, aumentando os custos financeiros necessários para garantir a operação”, aponta.
Sublinhando com agrado que o foco do Governo, no seu programa, na “modernização contínua do SNS, na transformação digital dos serviços, na valorização dos profissionais de saúde e na parceria com o setor privado como um instrumento estratégico de gestão e eficiência”, o diretor-geral da B. Braun Portugal aguarda “com atenção mais detalhes sobre a implementação prática desse programa na contratação pública”.
E avisa: “Temas como os prazos de pagamento e o financiamento adequado são fundamentais para as empresas do setor poderem continuar a investir em inovação e em soluções de valor agregado ao sistema e aos doentes.”
B. Braun atinge volume de vendas recorde em Portugal
Volume de vendas da multinacional alemã de dispositivos médicos foi além dos 87 milhões de euros, o que fez de 2024 um ano “memorável”. SNS representa quase 60% do volume de negócios.
