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Calçado português quer 100 milhões com tecnologia

Empresas portuguesas querem aproveitar o investimento que está a ser programado para a defesa ana UE.

A indústria portuguesa de calçado está empenhada em duplicar as exportações de calçado técnico para 100 milhões de euros até final da década, aproveitando as prioridades definidas pela União Europeia, onde se inclui Portugal, e o quadro geopolítico atual. “Estamos atentos ao aumento de investimento previsto na defesa”, afirma Luís Onofre, presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes e Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS).
Decisivo para esse contributo será o projeto mobilizador FAIST, que junta 45 parceiros e pretende desenvolver tecnologia de ponta capaz de dotar as empresas das melhores soluções técnicas para responder ao mercado.
O presidente da APICCAPS recorda que “existe uma longa tradição de Portugal no fornecimento das principais forças de segurança e militares europeias”, e, assim sendo, “o expetável reforço da dotação orçamental dos países da NATO em matéria de defesa poderá ser uma oportunidade para a nossa indústria”.
Para Florbela Silva, coordenadora do projeto FAIST, “a reindustrialização e o uso de processos de elevada produtividade estão a permitir às empresas fabricar mais rápido e a preços competitivos, conseguindo entrar nas grandes cadeias de distribuição, nomeadamente nos segmentos mais técnicos”. O “FAIST está a reposicionar a indústria de calçado em Portugal no plano internacional”, argumenta.
Com efeito, a indústria portuguesa tem vindo a investir na produção de calçado técnico de alto valor acrescentado fornecendo, inclusivamente, por via da contratação pública, as principais forças de segurança a nível internacional. Uma realidade que será reforçada com os investimentos em curso. “Temos o conhecimento, a capacidade instalada e estamos preparados para alagar a nossa oferta, mesmo no segmento militar”, destacou Reinaldo Teixeira, Presidente do Centro Tecnológico do Calçado. “Portugal já reúne todas as condições para se afirmar como uma referência no desenvolvimento de calçado técnico. No contexto atual de aumento do investimento na área da defesa, estou certo de que a indústria portuguesa será uma opção natural”, acrescentou.
“Nos últimos 20 anos, o segmento de calçado profissional em Portugal evoluiu de forma significativa, acompanhando as mudanças na economia global, nas exigências regulamentares e nas necessidades dos clientes”, defende Albano Fernandes, CEO da AMF, reforçando que “à medida que as exigências dos trabalhadores e das empresas evoluíram, assistimos a uma transformação importante no setor. As regulamentações de segurança tornaram-se mais rigorosas, impulsionando a inovação nos materiais e na tecnologia aplicada ao calçado. Hoje em dia, há uma procura crescente por produtos desta natureza”.
Teófilo Leite, por sua vez, defende que “a produção nacional de calçado profissional está ao nível dos melhores”. Para o responsável-máximo da ICC “Portugal distingue-se pela competitividade e disponibilidade para acolher projetos disruptivos”.
Do ponto de vista técnico, Teófilo Leite recorda que “a produção de calçado profissional é muito exigente”, na medida em que todos os modelos carecem de certificação em diversos parâmetros. “Este é um setor muito regulado, com normas diferentes de mercado para mercado”, recorda, razão pela qual “este é um segmento sem espaço para improviso”.
Feitas as contas, para Luís Onofre, “as previsões de duplicação das exportações de calçado técnico para 100 milhões de euros até 2030 podem ser revistas em alta”.

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