As cidades são um elemento fundamental para o cumprimento dos objetivos estabelecidos para responder à situação de emergência climática, tendo um papel de liderança a desempenhar na mobilidade, na transição energética e na transição digital. A comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, desafiou, inclusive, os autarcas a exercerem a liderança nos processos de transição que a União Europeia (UE) tem em curso políticas com o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica, considerando que as cidades inteligentes têm um papel essencial a desempenhar.
“Temos de mudar, radicalmente, a forma como produzimos, consumimos, como organizamos os nossos transportes, a nossa mobilidade, como aquecemos as nossas casas”, disse. “Estamos na iminência de uma transformação da forma como vivemos”, acrescentou.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, salientou a importância que as cidades têm na concretização dos objetivos do clima, considerando “absolutamente essencial que as cidades queiram ser famosas pelo seu compromisso com o clima, com os seus cidadão e com a transformação da vida nas próprias cidades”.
Estas são ideias que ficam das intervenções feitas nas mesas-redondas que preencheram os três dias da Portugal Smart Cities Summit 2021, que teve o Jornal Económico como media partner.
A necessidade de adaptação das comunidades, da administração pública e das organizações aos desafios da transformação digital e o papel que as smart cities podem ter neste processo foi um dos temas debatidos. No painel “Digitalização Sustentável da Sociedade – Que Futuro?”, a concretização da rede de quinta geração de comunicações móveis (5G) foi apontado como catalisador para a transformação digital e para as cidades inteligentes. Isso disse-o o CEO da GeSI, Luís Neves, apontando que o 5G vai permitir ligar todos os sectores de atividade, e gerar mais inovação e dinâmicas diferentes.
Diversos foram os exemplos dados de aprofundamento dos processos de transição digital pelas autarquias, como a Câmara Municipal do Fundão, que investiu na promoção da aprendizagem de programação informática para crianças; a integração de nómadas digitais na Madeira, explicada pelo secretário regional da Economia, Rui Barreto; ou a digitalização de serviços na Junta de Freguesia da Estrela, em Lisboa.
A Administração Central também se afirmou como agente de mudança e precursor da transição digital, através da disponibilização de serviços. A presidente da Agência da Modernização Administrativa explicou que a resposta tem sido no sentido de “dar acesso digital para todos”, mas mantendo o atendimento presencial, apontando como indispensável assegurar que quem não sabe lidar com a tecnologia “tenha também acesso aos serviços do Estado”.
A ministra da Administração Pública, Alexandra Leitão, estima que a modernização em curso no Estado permitirá poupar 14 milhões de horas de trabalho só nos 20 serviços públicos mais procurados, beneficiando a economia em 270 milhões de euros.
No evento, explicou que o investimento na modernização do Estado pretende melhorar os serviços prestados a cidadãos e empresas, e tem “um real impacto económico, contribuindo para reduzir os custos de contexto que condicionam a competitividade das empresas”.
Na mesma altura, o secretário de Estado do Planeamento, Ricardo Pinheiro, defendeu que as políticas públicas devem ser repensadas, para ser possível aproveitar e direcionar os recursos europeus que Portugal terá disponíveis, nomeadamente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para aprofundamento da digitalização. “[É] necessário recorrer à melhoria e correção de medidas públicas, de acordo com os índices de inovação empresarial e sustentabilidade ambiental”, de forma a responder aos desafios dos “grandes pilares do futuro”, que são “a transição digital e a transição climática”, defendeu.