As empresas do sector das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) garantem que as organizações conseguiram, ainda que não de forma perfeita, responder aos desafios da ultradigitalização destes 20 meses, sobretudo nas primeiras semanas da pandemia, porque alguns procedimentos tecnológicos já estavam bem oleados. Na conferência online “Os desafios da retoma nas TIC”, promovida pelo Jornal Económico e transmitida nas redes sociais e na JETV, os especialistas aconselharam ao investimento em business inteligence e soluções de cibersegurança e advertiram para o regresso repentino aos escritórios.
“Sem contar com a primeiras e segunda semanas [de confinamento], que foram caóticas, as coisas começaram a estabilizar de forma interessante. Vejo os tempos que correm com alguma apreensão porque há nalgumas entidades pessoas a voltarem completamente ao velho normal”, admitiu David Faustino, managing director da consultora tecnológica Glintt.
Os oradores alertaram ainda para a possibilidade de voltar a acontecer uma crise sanitária e socioeconómica da mesma natureza da Covid-19, mas mostram-se otimistas perante as eventuais reações das empresas. “A desmaterialização dos processos não vai desaparecer das mentes dos gestores, até porque foram retiradas daqui uma mais-valias, como a produtividade”, afirmou Luís Mascarenhas, gestor de vendas na EasyVista.
Segundo Nelson Pereira, Chief Technology Officer (CTO) da consultora Noesis, antes existia o TI e o negócio, mas agora há um casamento “saudável” e as duas equipas já não trabalham de forma independente. “O melhor da tecnologia é quando passa a ser quase transparente e funciona”, comentou, remetendo para o crescimento da cloud nesta década. Já Francisco Miranda Rodrigues, diretor de vendas na empresa de serviços de consultoria G-STEP, referiu que muitas vezes se opta pela metodologia Agile, fazendo a transformação digital – que envolve a migração de dados para a cloud - de unidade de negócio em unidade de negócio até se cumprir o plano estratégico.
Para Rui Pereira da Silva, CEO da consultora HCCM, as tendências às quais os líderes devem estar atentos é a chegada da rede móvel de quinta geração, o desenvolvimento da inteligência artificial e a melhoria e proliferação dos veículos autónomos. “Com o aumento exponencial de dados que nós e os nossos clientes vamos processando requer-se mais procedimentos de cibersegurança. Sentimos uma grande necessidade e oportunidade de negócio aí”, afirmou, por sua vez, o CEO da Decunify, José Manuel Oliveira.
Os três painéis desta sessão, transmitida a 5 de novembro, contaram ainda com Pedro Rocha, CTO da Oramix, Hugo Conceição, CTO do grupo Jumia, Hugo Costa, CEO da consultora Quantinfor, Hélder Fernandes, gestor de produto da Vigie by InnoWave, e Miguel Valente, líder de Indústria da Salesforce em Portugal.