A agência de marketing Nova Expressão está a criar a rampa de lançamento para um hub tecnológico que traga mais analítica à indústria da publicidade, cada vez mais competitiva. A empresa liderada por Pedro Baltazar desenvolveu internamente uma ferramenta digital chamada “MII – Marketing Intelligence Interface”, que permite às empresas perceberem qual o retorno do investimento que fazem nas campanhas comerciais.
A plataforma faz a monitorização integrada das campanhas de marketing de uma organização, incorpora diferentes fontes de dados, apresenta dashboards dinâmicos com informação em tempo real de todas as campanhas, modelos de atribuição (o que permite ver qual o contributo de cada canal para as campanhas físicas ou online) e modelos preditivos (utilização de dados históricos e técnicas de machine learning para perceber quais as melhores práticas e antecipá-las).
“Conseguimos dar o retorno do investimento que é feito em media, integrando toda a componente de media dos clientes e CRM que quiserem. Ou seja, podemos cruzar tudo com as bases de dados dos clientes para uma avaliação integrada de todos os meios da campanha”, explica, em entrevista ao Jornal Económico (JE), o diretor de desenvolvimento digital da Nova Expressão.
João Neves, que é membro da direção do IAB - Internet Advertisement Bureau, conta ao JE que a base de criação da MII foi o Tableau, uma ferramenta de visualização de dados foi comprada pela Salesforce, e depois todos os desenvolvimentos que foram feitos em cima dessa plataforma são propriedade da empresa.
“Temos um plano estratégico para levar a cabo este movimento digital, um processo revolucionário, acompanhando também o que as grandes agências estão a fazer. Estamos a posicionar-nos como uma agência ‘tech’ e acreditamos que estamos dar os passos certos na resposta ao mercado nacional e à procura internacional. Embora implementemos campanhas digitais com os suportes óbvios, como Facebook ou meios tradicionais, percebemos rapidamente que havia espaço para criar mais ofertas: informação, analítica e predição de dados. É uma área que não é inexplorada está agora a começar a ser explorada, afirma.
Para este plano ser bem-sucedido, há quatro parceiros principais com os quais a agência portuguesa tem contado no desenvolvimento tecnológico e na agregação de know-how: a rede de agências independentes Local Planet, a agência alemã Media Plus, a norte-americana Horizon Media e, mais recentemente, a agência digital espanhola Making Science, parceira da gigante Google.
“Estamos a começar a desenvolver já algumas parcerias recentes também no mercado brasileiro, que, como tem muito desenvolvimento digital, consideramos que nos vai espoletar nos próximos meses e nos próximos anos. Já temos algumas empresas identificadas e outras mesmo a trabalhar connosco. O Brasil tem essa vantagem competitiva e vamos beber aí esse expertise”, adianta ainda João Neves.
Entre os clientes está a Verde, na campanha multimeios do seu serviço de mobilidade elétrica Via Verde Electric, que atualmente permite que, através da aplicação da empresa da Brisa, se paguem os carregamentos feitos em qualquer posto da rede pública nacional. A campanha, em vigor até ao final do mês, esteve a cargo da Nova Expressão em articulação com a Partners (plano de criatividade) e Miguel Oliveira (embaixador da marca). “O mercado está competitivo. Há várias ameaças que podem ser graves para algumas operações digitais, como os clientes de multinacionais que por vezes não as dão às agências nacionais, locais, como a Nova Expressão e outras, e centralizam tudo. Faz com que nós tenhamos de nos posicionar com outro tipo de serviços e não dizer apenas que fazemos campanhas online e offline ou 360º”, afiança o diretor de desenvolvimento digital da Nova Expressão.
A agência, que tem cerca de uma centena de clientes e espera acabar 2021 com uma faturação de 29 milhões de euros, prepara-se ainda para fechar contrato com duas multinacionais do café e do sector automóvel, cujos nomes não puderam ser revelados, e aumentar a equipa alocada ao hub, para mais de três especialistas em ciência de dados e análise de dados. “A perspetiva é de crescimento exponencial consoante os projetos que surgirem e a evolução do mercado”, conclui.