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Siemens aposta nas áreas tecnológicas para crescer

Lucros em máximos e um crescimento previsto superior a 6% criam o cenário para uma aposta na tecnologia. São mil milhões para software e inteligência artificial.

Com lucros históricos de 10,4 mil milhões de euros acabados de fechar, a Siemens entra numa nova fase para dar corpo à estratégia ONE Tech Company, que integra aquelas que são as áreas tecnológicas estratégicas do conglomerado alemão e que podem impulsionar o crescimento rápido e rentável dos seus negócios digitais. Roland Busch é o nome à frente mudança. Chamado à liderança da Siemens AG em plena pandemia, o executivo alemão declarou, esta quinta-feira, na apresentação de resultados e nova estratégia, em Munique, a grande meta do grupo: “estamos a expandir a nossa liderança no domínio do software e da inteligência artificial”.
Pelo caminho, duas aquisições importantes - Altair e Dotmatics -, por um lado, e a diminuição da sua participação na Siemens Healthineers em 30%, subsidiária de tecnologia médica, que será reduzida até um ativo financeiro.
A fortalecer esta ambição está o investimento de mais de mil milhões de euros em soluções de inteligência artificial (IA) industrial, anunciado na conferência, que a Siemens prevê cumprir ao longo dos próximos três anos.
Com otimismo, Roland Busch, disse aos jornalistas e analistas, nos escritórios da Siemens, que a empresa “transita para o ano fiscal de 2026 com confiança”, numa altura em que “está mais forte de nunca”.
Para o ano fiscal já em curso, a empresa bávara prevê que as receitas cresçam entre 6% e 8%, com todas as áreas – digital industries, smart infrastructure e mobility – a apresentarem resultados positivos.
Ao JE, Judith Wiese, Chief People and Sustainability da Siemens AG, disse que o grupo se tem tornado cada vez mais ambicioso no campo da sustentabilidade. “A mensagem mais importante é que a sustentabilidade faz parte do que a tecnologia é capaz de fazer”, aludindo aos processos de otimização a partir de várias perspectivas de redução de custo, eficiência de recursos, eficiência energética, além de influenciarem a pegada dos produtos ao longo do seu ciclo de vida até 80% na fase de conceção, explicou.
Spin-off de 30%
Na véspera da apresentação, quarta-feira, a Siemens confirmou a alienação de 30% das ações da Siemens Healthineers aos acionistas da casa-mãe. O spin-off foi apresentado como o “início da próxima fase de crescimento” da empresa alemã, de forma a concentrar-se em áreas como a automação industrial e de edifícios e no seu negócio de comboios Mobility.
Os acionistas da Siemens AG beneficiarão diretamente e receberão ações da Siemens Healthineers, detida atualmente em 67% pela multinacional. A Siemens não receberá dinheiro com a transferência das ações.
O grupo de engenharia alemão vai reduzir, assim, a sua participação na Siemens Healthineers para 37%, o que permite a desconsolidação das contas da subsidiária. A empresa prevê continuar a reduzir a sua participação para até 20%.
“O dia de hoje marca o início da próxima fase de crescimento da Siemens. Ao ceder a maioria do controlo da Siemens Healthineers, estamos a concentrar-nos numa carteira Siemens altamente sinérgica”, justificou Roland Busch, presidente e chief executive officer (CEO) da Siemens AG, citado em comunicado.
A redução da sua participação de 33,5 mil milhões de euros na Siemens Healthineers foi abordada já no ano passado pelo CFO, Ralf Thomas, que remeteu a decisão final para o Capital Market Day da Siemens AG, em 13 de novembro.
Quanto às operações do grupo em Portugal, Fernando Silva, chairman da Siemens Portugal, revelou recentemente que a empresa prevê aumentar o número de funcionários e abrir “mais um ou dois polos” do seu centro de competências Tech Hub,
“Temos polos em Lisboa, temos polos no Porto e iremos certamente abrir mais um ou dois polos em Portugal. Procuramos agregar os recursos em redes, que podem estar localizados fisicamente em sítios distintos, mas que trabalham com um objetivo comum e para todo o mundo, desde Portugal”, revelou o gestor, após um almoço-conferência da Associação Comercial do Porto. Em Portugal, o grupo conta com cerca de 4.200 funcionários número que tem aumentado entre 200 e 400 todos os anos.

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