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Efeito Novobanco transforma ano de quebra em crescimento

Os 6,4 mil milhões previstos para a compra do quarto maior banco português pelo segundo maior grupo financeiro francês mudaram o mercado. Em vez de cair, sobe 33%. Mas o próximo ano será difícil.

O mercado português de fusões e aquisições (M&A, na sigla inglesa) mudou abruptamente de trajetória, de uma queda sustentada para uma subida, com a inclusão do negócio anunciado da compra do Novobanco pelos franceses do BPCE.
Incluindo os 6,4 mil milhões de euros previstos para a aquisição do quarto maior banco português pelo segundo maior grupo financeiro gaulês, o capital movimentado aumentou 33,5%, para 13,8 mil milhões de euros, nos 10 primeiros meses do ano face a igual período de 2024, segundo a TTR Data. O número de transações caiu 11,1%, para 479.
Ainda sem o Novobanco, os primeiros três trimestres mostravam uma quebra de 30% no capital mobilizado.
Sem o negócio do Novobanco, 2025 seria mais um ano de travagem. Assim, será de expansão, cumprindo-se a montanha-russa que se tem registado. Depois do atípico 2018, com um pico de 22,6 mil milhões movimentados em fusões e aquisições, 40% dos quais justificados por uma oferta pública da China Three Gorges sobre a EDP que não se concretizou, o mercado caiu em 2019, para 13,4 mil milhões, subiu em 2020 até aos 18 mil milhões e voltou a crescer no ano seguinte, para 19,2 mil milhões de euros e 553 transações. Foi o pico antes de uma nova descida, para 12,8 mil milhões, seguida de uma subida, para 13,9 mil milhões, e de outra descida, no ano passado. Agora, o carro do M&A volta a subir e, não existindo nenhum grande negócio no horizonte, deverá voltar a regredir em 2026.
Os dados deste ano, até outubro, mostram que os investidores estrangeiros continuam a mandar, com 146 aquisições, no valor de 8,1 mil milhões de euros, contra 101 operações de grupos portugueses no exterior, que somam 2,2 mil milhões. Espanha lidera por número de negócios, com 49 aquisições, mas é a França que dispara no valor – 6,8 mil milhões –, outra vez pelo efeito Novobanco.
Por segmentos, o mapa é igualmente desequilibrado. O private equity salta para 7,9 mil milhões de euros, uma subida de 135,9%, em 76 transações, mais 11,8% do que em 2024. É aqui que se regista a saída da Lone Star do Novobanco. O venture capital recua para 727 milhões de euros, menos 11,2%, com 101 operações, uma descida de 16,5% em número de negócios. Já as aquisições de ativos – de imóveis a projetos de energia – somam 3,6 mil milhões de euros, mais 13%, em 121 negócios, mais 4,3%, e continuam a ser a porta de entrada preferida dos investidores.
Apesar de tudo, o imobiliário continua a ser o grande motor dos negócios, com mais de 70 operações de M&A no ano, apesar de uma descida de 11% face ao mesmo período de 2024. A tecnologia – sobretudo internet, software e serviços de TI – soma perto de 80 transações, uma quebra de 14%. Turismo e lazer avançam 23% em número de operações e as renováveis recuam 15%, ganhando peso sobretudo em negócios médios, onde grupos nacionais e internacionais se reposicionam em ativos de longo prazo.

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