Os cérebros e as suas contradições: a mesma máquina que se entusiasma com inovação mas que se retrai quando há um novo software para integrar na nossa rotina. A tecnologia está a evoluir à velocidade da luz, mas os nossos cérebros estão programados para procurar zonas de conforto. Misha Byrne, o último convidado do Innov.Club (promovido pela Vieira de Almeida e Beta-i, e no qual o JE é parceiro), é especialista na dimensão humana da mudança e no apoio a grandes organizações na adoção de novas tecnologias. Como neurocientista de formação, este especialista considera que “vivemos tempos muito interessantes para falar da performance das equipas e do que a tecnologia faz aos nossos cérebros e até aos nossos corpos. E com essa transformação, também se está a alterar a forma como nos relacionamos com os outros e a forma como fazemos essa transição para a interação humana quando saímos de reuniões virtuais ou passamos muito tempo ligados aos ecrãs. “Isso não significa que não possamos escolher a forma como lidamos com esses desafios. A tecnologia é uma ferramenta, mas não é esta, em si, que nos desgasta, é a forma como lidamos com ela”, realça ao JE.
Voltando ao cérebro e às mudanças latentes, Byrne considera que por mais tecnologia que haja, esta máquina fascinante irá sempre precisar de estímulos sociais. “Com a revolução industrial, passámos a desvalorizar a dinâmica de grupo, mas, antes disso, durante milhares de anos, só sobrevivemos porque adotámos uma dinâmica de grupo”. Um exemplo. “Na Finlândia fizeram um estudo que revela que quando nos reformamos, se não encontrarmos novos grupos a quem nos possamos juntar, o risco de morrer cresce, como se tivéssemos começado a fumar um maço de cigarros por dia”, explica. Para quem acredita que é bom pertencer a um grupo, este neurocientista tem uma novidade: na verdade, não só é bom, como também é uma obrigação e uma necessidade básica. Portanto, mesmo sem estimulação nem interação social, o nosso cérebro tem que ser recarregado com esses estímulos todos os dias. E corremos o risco de perder a empatia? Sem dúvida!
Byrne não tem dúvidas e como consultor de líderes das grandes empresas tecnológicas, transmi
Misha Byrne: “Como humanos, corremos o risco de perder a empatia”
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O neurocientista foi ao Innov.Club falar de cérebros e da forma como a tecnologia, que não é uma ameaça, está a mudar a nossa forma de interagir em família e nas empresas.