A deliberação do Ministério da Defesa sobre a compra de duas ou três fragatas para a Marinha portuguesa, que recairá no francês Naval Group ou no italiano Fincantieri, estará por horas. Isto porque está por horas, também, o fim do prazo das candidaturas a fundos europeus para o reforço das capacidades militares, com Portugal a ter acesso a verbas de 5,8 mil milhões de euros em empréstimos.
Na quarta-feira, o ministro da Defesa, Nuno Melo, comunicou que a decisão ainda não estava tomada, depois de um encontro com o homólogo italiano Guido Crosetto. De acordo com o inquilino do Forte de São Julião da Barra, onde a idD Portugal Defence e a Fincantieri assinaram, nesse mesmo dia, uma Declaração de Intenções sobre cooperação industrial bilateral, durante o Industry Day, a decisão “é fundamentalmente técnica”.
O investimento de até três mil milhões de euros do Estado português, segundo números do “Expresso”, em novos navios de guerra, supera os mil milhões de euros pagos à Alemanha por dois submarinos, até agora o maior negócio de sempre do setor da defesa.
A francesa FDI (frégate de défense et d’intervention) do Naval Group, com 122 metros de comprimento, e a FREMM EVO da Fincantieri, sediada em Trieste, com quase 145 metros de comprimento, são as candidatas à modernização da frota naval portuguesa, que conta atualmente com cinco fragatas. Consultando o Regulamento de Autoridade Portuária da APL - Administração do Porto de Lisboa, que refere que o acesso à base naval é feito pelo Canal do Alfeite, percebe-se que a oferta italiana ultrapassa a referência de comprimento: “os navios que se destinam à base naval não deverão ultrapassar os 135 metros”.
O Naval Group, que fechou recentemente um novo contrato para a venda da quarta fragata de nova geração à Marinha grega, consegue garantir a entrega de duas FDI por ano, ou seja, um a cada seis meses. A proposta foi entregue às autoridades portuguesas há cerca de um mês, segundo Guillaume Weisrock, vice-presidente sénior do NavalGroup para a Europa e América do Norte do Naval Group, que participou na reunião final, no passado domingo. “Temos a única fragata multi-missão da nova geração”, afirmou o mesmo responsável em declarações a meios de comunicação, entre os quais o JE, em Lorient, onde o Naval Group constrói as FDI. Neste momento, o estaleiro tem seis fragatas da nova geração em construção, uma das quais a ser entregue às forças navais da Grécia até ao final do ano. “Temos confiança na oferta que entregámos às autoridades portuguesas”, garante.
Fragatas francesas ou italianas? Decisão está por horas
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Naval Group e Fincantieri uniram forças em 2020 numa parceria estratégica, mas agora estão frente a frente na disputa pela venda de fragatas à Marinha portuguesa. O que oferecem?