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Seis águias para um poleiro de milhões

Nunca o Benfica teve tantos candidatos à presidência. Tal como no clássico de Charles Dickens, “Um Conto de Natal”, Rui Costa está a ser atormentado pelo passado, presente e futuro.

Estamos a dois meses das festividades natalícias mas as eleições do SL Benfica (que se realizam este sábado, 25 de outubro) , na perspectiva do atual presidente, Rui Costa, assemelham-se à obra “Um Conto de Natal”, da autoria de Charles Dickens. O livro, que foi escrito em menos de um mês para liquidar dívidas urgentes, conta a história de Ebenezer Scrooge, um homem avarento que recebe a visita de três fantasmas: do Natal Passado, do Presente e do Futuro. Está tudo neste ato eleitoral: com seis candidatos ao lugar, o antigo camisola dez da Luz (que era muito generoso com a bola nos pés) enfrenta candidatos que são encarados como o futuro do dirigismo do clube (como João Diogo Manteigas), outros que são vistos como alternativas para o presente (com João Noronha Lopes à cabeça; Martim Mayer e Cristóvão Carvalho a disputarem algum eleitorado) e, como se não bastasse, ainda há um candidato do passado para atormentar a liderança que lhe sucedeu de forma abrupta (Luís Filipe Vieira). Rui Costa parece assim um presidente emparedado no meio destas três dimensões. Com bons resultados financeiros para apresentar (ainda que a sua presidência tenha sido marcada por prejuízos), a atual direção tem no entanto uma lacuna grave que nenhum sócio lhe perdoa na hora de votar: eleito em outubro de 2021, Rui Costa conquistou apenas um campeonato como presidente (em 2022/23). Nas contas, a Benfica SAD apresentou lucros de 34,4 milhões de euros na época 2024/25, um bom resultado face aos 31,4 milhões de euros de prejuízos que tinham sido refletidos no exercício anterior. Nessas contas é possível detetar outra mancha no currículo de Rui Costa: os nove milhões de euros de indemnização pagos a Roger Schmidt (despedido um ano e meio depois de renovar). Para fechar o tema das contas, nota para um ativo total da Benfica SAD que atingiu os 591,2 milhões de euros em 2024/25 (aumento de 4,6% e décimo relatório e contas consecutivo de crescimento deste indicador); já o passivo diminuiu 1,8% em 2024/25 para os 474,9 milhões de euros.
Outro dossier quente para a atual presidência do SL Benfica: a centralização dos direitos televisivos no futebol português. Prevista para ser implementada até à temporada 2028/29, esta negociação conjunta é muito criticada por todos os candidatos às eleições dos encarnados. Todos convergem na ideia de que o SL Benfica lidera as receitas do futebol em Portugal e que a SAD não pode perder dinheiro em virtude de uma melhor distribuição destas verbas.

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