A construtora Ramos Catarino está em insolvência. O Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra proferiu uma “sentença de declaração de insolvência da devedora Ramos Catarino” no dia 10 de janeiro deste ano, tal como consta do portal Citius, Como administradora da insolvência foi nomeada Maria do Céu da Silva Carrinho,
É o culminar de um percurso de tentativa de salvação da construtora que se arrasta desde 2016, altura em que o fundo Vallis adquiriu o controlo da empresa devido a dificuldades financeiras.
Em 2018 o fundo Vallis revendeu aos irmãos Vítor e Jorge Catarino, os 75% que detinha na construtora. Na altura a construtora Ramos Catarino beneficiou de um segundo processo de revitalização (PER), aprovado em 2016. Um primeiro PER tinha avançado em 2014. Mas o colapso do BES, dois meses depois a homologação do primeiro PER (2014) impediu a viabilização da construtora e conduziu ao insucesso do programa apresentado no altura pelos irmãos Catarino.
Aquando da aprovação desse longínquo segundo PER, em 2016, a Ramos Catarino contava com mais de 700 credores que reclamam 62,1 milhões de euros de dívidas – dois terços estavam no sistema financeiro. Com 18 milhões de euros, o Novobanco era então o maior credor da construtora de Cantanhede,
Na vasta lista de verificação de créditos que está publicada no Citius verifica-se que estão, entre outros, o EuroBic, o BBVA Portugal, o BCP, o Santander Totta, a Caixa de Crédito Agrícola de Cantanhede e Mira, o Banco Montepio, a CGD, a Hefesto (empresa de titularização de créditos), a Norgarante, a Mota-Engil, o Novobanco, a Cosec, a Garval, e o Instituto da Segurança Social, entre muitos outros.
A história da Ramos Catarino teve uma nova tentativa de salvação, quando em março de 2018, os fundadores da Ramos Catarino, os irmãos Vítor e Jorge Catarino, recompraram a participação de 75% que o Vallis Construction Sector Consolidation Fund detinha na empresa. Após esta recompra, a Nacala Holdings detida por Gilberto Rodrigues comprou a totalidade do grupo.
Em maio de 2018 a Nacala Holdings comprou a construtora Ramos Catarino, por um valor não revelado, com o objectivo de manter cerca de 30 milhões de facturação em Portugal e crescer no estrangeiro, uma vez que tinha já adquirido o grupo Elevo e a Opway, segundo disse, na altura, o presidente do Conselho de Administração do grupo, Gilberto Rodrigues.
Contactado pelo JE, Vítor Catarino explicou que “não tenho nada a ver com a Administração da Ramos Catarino desde maio de 2018”.
Já Gilberto Silveira Rodrigues, presidente do Grupo Elevo, disse ao JE que “desde 2019 que não estou na sociedade”.
A sentença de declaração de insolvência que data de 10 de janeiro, resulta de uma “propositura da ação” com data de 26 de novembro de 2019. O requerente da insolvência foi o credor Francisco José Ferreira Duarte.
Em abril deste ano, com data de dia 14, foi publicada a “abertura de Incidente de Qualificação da Insolvência” em que é insolvente a Ramos Catarino. O incidente de qualificação da insolvência destina-se a qualificar a insolvência como culposa ou como fortuita.
“Foi por despacho declarado aberto o Incidente de Qualificação de Insolvência. O despacho é irrecorrível (nº 5 do Artº 188º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas)”, segundo o documento publicado no Citius.
A Ramos Catarino chegou a ter 30 obras em Lisboa e actividade em Espanha, França, Holanda e Inglaterra, em obras de dimensão média.
Em 2018, venceu o concurso para as obras de reabilitação da residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento.
Na origem do grupo Catarino esteve uma unidade de serração de madeiras, fundada em 1949. O Grupo com sede em Febres, Cantanhede, abarcava empresas nos setores da construção, interiores (residencial e hotelaria) e fileira florestal.
Ramos Catarino entra em insolvência
A construtora Ramos Catarino viu proferida uma sentença de declaração de insolvência este ano. É o fim de um processo de tentativa de salvação que se arrasta desde 2016.
