Cinco visões sobre alguns dos temas mais prementes da atualidade e uma hora e meia a “Puxar pela Cabeça”. O podcast dinamizado mensalmente pela Amrop Portugal (com entrevistas conduzidas por Maria da Glória Ribeiro) e que pode ouvir nas principais plataformas de streaming e também no site e redes sociais do JE, ganhou vida na AESE Business School na semana passada. A managing director & co-founder deu as boas-vindas a um painel constituído por Lúcia Azevedo, CEO do Lux Frágil, Adriana Cardoso, farmacêutica e professora universitária, market access officer Infarmed, Pedro Sampaio Nunes, gerente e consultor na Charlemagne, consultoria em questões europeias e Fátima Vieira, vice-reitora da Universidade do Porto. Moderados por André Macedo, diretor do JE, este painel deu a conhecer um diversificado leque de opiniões sobre alguns dos tópicos que geram discussões mais acérrimas da atualidade informativa: das flotilhas que navegam no ódio às utopias que desaguam na Inteligência Artificial, passando pela energia, participação cívica e políticas públicas.
A flotilha da polémica
A detenção de Mariana Mortágua por Israel na flotilha que se dirigia com ajuda humanitária para Gaza provocou opiniões polémicas a roçar a agressividade. “Há um aproveitamento político de toda esta situação, através de um gesto nobre que era ajudar uma população vitimada”, afirmou Maria da Glória Ribeiro. A responsável considerou que a detenção da deputada do BE, é um exemplo de temas fraturantes que “os partidos muitas vezes aproveitam e provocam para ganhar relevância”. Este episódio ganhou especial relevância pelos comentários nas redes sociais, mas também pela petição pública criada para que Mariana Mortágua fosse deportada. “As redes sociais são perfeitamente democráticas, mas temos de as usar de forma higiénica e democrática. Não partilho de todo com quem assina petições públicas para deportar cidadãos portugueses para Gaza”, referiu Adriana Cardoso, market acess officer do Infarmed. Por sua vez, Lúcia Azevedo, CEO da Lux-Frágil, defendeu que as redes sociais fizeram a população perder a noção de que “há sempre uma boa oportunidade para podermos estar calados”.
O envolvimento das novas gerações na política e nos processos de decisão foi outro dos temas debatido. Adriana Cardoso começou por referir que “nunca ninguém se lembrou de perguntar a um pensionista se este podia porta-voz de uma geração. Fazem isso a jovens em partidos políticos, que se chamam juventudes partidárias”. Esta comentadora destacou que essa situação acaba por traduzir-se nas políticas públicas uma vez que estes depois vão fazer parte do processo da decisão. Adriana Cardoso lança um aviso: “Se a minha geração acreditar que o processo político está à sua margem, há algo de muito errado. Existem maneirismos de não renovação dos quadros políticos que é importante que a minha geração não repita”. Numa visão mais académica, Fátima Vieira, vice-reitora da Universidade do Porto, reforçou a sua confiança nas utopias e garantiu estar convencida que as mesmas “são desejáveis e realizáveis”. “Se olharmos para as grandes conquistas sociais, todas estas foram utopias: saúde, educação, sufrágio universal. Pedro Sampaio Nunes, consultor empresarial, destacou que “todos os partidos acreditam numa utopia e têm o seu humanismo, não podemos pensar que o humanismo está todo do mesmo lado”. Este gerente e consultor realçou que “os partidos bloqueiam o acesso de quem quer entrar e de chegar aos pontos de decisão”.
“Puxar pela Cabeça” e pelas utopias em tempos de cólera digital
Conflitos geracionais, redes sociais, utopias e IA: tudo coube nesta edição especial do podcast “Puxar pela Cabeça”, dinamizada pela Amrop e JE.
