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Índia ultrapassa o Japão e já é a quarta economia mundial

O mundo distrai-se com o combate pelo primeiro lugar entre a China e os EUA. Mas Índia e Japão protagonizavam uma renhida batalha particular que os indianos tinham tudo para vencer.

Num contexto em que o embate económico Ocidente-Ásia ganha força – em grande parte por via das tarifas impostas pelos Estados Unidos, que vieram institucionalizar esta divisão até agora esbatida pela globalização – a Índia já ultrapassou o Japão e posiciona-se agora como a quarta maior economia do mundo. Segundo a consultora Jupiter Asset Management, a Índia – que, não tendo virado totalmente as costas ao Ocidente, tem um lugar de grande importância nos BRICS – superou o Japão em 2025 e prevê um crescimento anual de 6,5%, para além de combinar fatores demográficos, estruturais e institucionais que a colocam numa posição privilegiada no cenário global. De algum modo, o ‘milagre’ já se deu antes: nos Estados Unidos e no Japão (com evidentes vasos comunicantes) a partir da década de 60 do século passado e na China no início deste: de um país agrícola a um centro urbano, industrial e de serviços, a índia é um imenso foco de consumo interno e prodigaliza fatores de concorrência que a tornam muito apetecível ao investimento externo, nomeadamente industrial.
Um dos motores-chave desse crescimento é a demografia: com uma idade média abaixo dos 30 anos, a Índia incorpora anualmente entre sete e oito milhões de trabalhadores, incluindo 1,5 milhões de engenheiros. Sem pressões sobre o insipiente sistema de pensões ou necessitando de se haver com políticas sociais sustentadas (e caras), o país pode destinar recursos para infraestruturas ligadas ao desenvolvimento económico (rodovias, portos e aeroportos) e destinar parte do PIB aos incentivos às indústrias estratégicas. A isto somam-se instituições sólidas – um governo democrático (apesar da tensão com a comunidade islâmica), um estado de direito – e reformas impulsionadas pelo governo de Narendra Modi. Neste particular, merece destaque a unificação fiscal, um sistema de identidade digital e a plataforma de pagamentos UPI, que, refere a consultora, modernizaram a economia e facilitaram o acesso ao crédito, apoiando tanto a habitação como a expansão empresarial. E vale a pena não esquecer que o subcontinente tem a maior população nacional do mundo (já ultrapassou a China), o que viabiliza um consumo interno que já representam cerca de 40% das vendas de bens. O consumo representa mais de 56% da economia da Índia, sendo já o principal motor de crescimento.
De acordo com os dados do Ministério de Estatísticas indiano, o PIB cresceu 7,8% no segundo trimestre do ano quando comparado com o mesmo período do ano anterior, (as expectativas dos analistas eram de um crescimento de 6,7%), depois de ter crescido 7,4% no trimestre anterior. O forte desempenho no semestre foi motivado, em parte, pelos maiores gastos governamentais, o bom crescimento no setor industrial e pela melhoria da confiança dos consumidores. Só falta saber-se, mas não há ainda dados gerais, qual é o impacto das tarifas.

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