Depois de na passada segunda-feira, 22 de novembro, ter fechado uma ronda de financiamento série D no valor de 189 milhões de dólares (cerca de 168 milhões de euros), a Sword Health tornou-se no sexto unicórnio português ao registar uma avaliação superior a dois mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros). A empresa de healtech pretende agora dar continuidade ao seu processo de revolução no sector da saúde através do combate às patologias músculo-esqueléticas.
Em declarações ao Jornal Económico (JE), Virgílio Bento, fundador da empresa em 2015, refere que nos últimos 12 meses a healthtech recebeu mais de 300 milhões de dólares (perto de 270 milhões de euros) não havendo por isso “uma necessidade de fazer um levantamento de capital no futuro. Tudo depende do momento e contexto específico”.
Para fazer face a uma patologia que afeta anualmente dois mil milhões de pessoas em todo o mundo, seja por problemas de lombalgia, ombro ou cervical, a Sword Health criou a terapia digital - uma solução de inteligência artificial que permite ter uma terapia em casa como se estivesse numa clinica com um fisioterapeuta, mas de forma independente e onde tudo o que feito é acompanhado pela equipa clinica da empresa. “Neste momento há uma epidemia de patologias músculo-esqueléticas em todo o mundo. Nos Estados Unidos, 50% da população sofre deste tipo de patologia anualmente”, afirma o CEO, salientando que a forma de reabilitar esta patologia é focada na alta intensidade e qualidade de um programa de fisioterapia que, no entanto é escasso por ser baseado somente no recurso humano de um fisioterapeuta.
“Como as pessoas não aderem a este programa de alta intensidade e qualidade na fisioterapia o que acontece é que tentam encontrar uma solução na forma de opióides ou cirurgia. Nos Estados Unidos que é o nosso principal mercado, é gasto mais dinheiro a tratar patologias músculo-esqueléticas do que cancro e doenças mentais combinadas”, sublinha Virgílio Bento, destacando que no território norte-americano a Sword Health conta já com 150 clientes, onde se encontram centros de saúde ou grandes empresas como a Pepsi ou a Danaher Corporation. Para 2022, e apesar de não traçar “uma meta específica”, o CEO considera que irá ultrapassar a barreira dos 500 clientes.
Para o próximo ano o objetivo está definido: “Expandir a nossa entrada no mercado internacional. Neste momento estamos na Austrália, em Portugal, nos Estados Unidos que é de longe o nosso mercado mais importante, entramos há dois meses no Canadá, vamos entrar no Reino Unido em janeiro. Isto é um problema global e nós temos a solução para ele”, frisa.
Questionado sobre o facto da Sword Health ter sido pioneira neste tipo de soluções para a saúde poder abrir a porta a outras iniciativas semelhantes, Virgílio Bento sublinha que a competitividade só irá trazer mais benefícios a esta indústria.
“Temos competidores como em todas as áreas, o mercado ganha por haver mais competição, mas o mais importante é mostrar que a Sword Health desenvolveu uma aplicação de saúde tecnológico-digital que está a crescer e a criar valor. O futuro da saúde está no uso da tecnologia inteligente em conjunto com os recursos humanos. É importante que isto se torne cada vez mais mainstream”, conclui.