A EDP Renováveis vai investir 500 milhões de euros na Grécia até 2025. Presente neste mercado desde 2018, a companhia inaugurou na quinta-feira a sua primeira central eólica no país, marcando assim o início de uma odisseia com o objetivo de atingir uma capacidade instalada de 500 megawatts (MW) nos próximos quatro anos.
“Este é um mercado importante para nós. Temos um plano estratégico e queremos ir mais além de 2025. Estamos aqui para ficar. Acreditamos no futuro verde da Grécia”, disse Miguel Stilwell de Andrade, presidente do grupo EDP e da EDP Renováveis, na inauguração da central eólica de Livadi (45 MW), perto da cidade de Malesina, a 130 quilómetros de Atenas.
Esta aposta na Grécia leva a empresa portuguesa a analisar a vizinhança: “Estamos a olhar para alguns dos países dos Balcãs, mas ainda não temos projetos concretos, pode ser a prazo”, dispara Stilwell. O objetivo é claro para a EDP: reforçar a sua capacidade nos 25 países onde já está presente.
A odisseia grega da EDP arrancou com a ajuda divina da igreja ortodoxa. Na cerimónia esteve presente o arcebispo Symeon, responsável pela região da Ftiótida, e mais cinco padre ortodoxos, que benzeram o projeto.
Até ao início de 2023, a empresa espera ter um total de 150 megawatts a funcionar, com os restantes 350 megawatts a ficarem operacionais até 2025, de energia eólica (a maioria), mas também solar. Este projeto foi realizado em parceria com os gregos da Ellaktor, depois de as duas empresas terem anunciado uma parceria estratégica em 2020.
Após os anos turbulentos da troika e da ameaça de bancarrota, será seguro apostar no país? O presidente do grupo EDP destaca que os tempos de instabilidade política e económica ficaram para trás. “A Grécia, do ponto de vista macroeconómico, tem recuperado bem, com uma economia bastante pujante. Até mesmo as taxas de juros atuais refletem o risco da Grécia, que tem vindo a reduzir. É um bom mercado para estarmos, europeu, com o euro, e com o devido enquadramento regulatório”.
Em relação à parceria da Ocean Winds (EDP e Engie) com os gregos da Terna, com vista a estudar centrais eólicas marítimas (offshore) flutuantes, o gestor disse que este sector ainda está “muito embrionário”, pois “não há enquadramento regulatório”.
A EDP anunciou no início de novembro a compra de uma empresa de energias renováveis de Singapura, a Sunseap, por 600 milhões. Já estava presente no Vietname, mas esta aquisição permite alargar a sua presença a geografias como a Indonésia, Japão, China ou Tailândia.
“Metade do consumo de energia do mundo está lá [Ásia], [os países asiáticos] têm objetivos de descarbonização, também aderiram ao acordo de Paris. Sendo uma empresa global, foi importante darmos este passo para o nosso crescimento a longo prazo”, destacou Miguel Stilwell.