O Orçamento do Estado para o próximo ano atribui 17,3 mil milhões ao setor da saúde, mais 1,5% face a 2025, mas prevê um corte de 10% nos gastos com bens e serviços que está a preocupar os hospitais. São menos 887 milhões disponíveis para gastar com medicamentos, meios complementares de diagnóstico e médicos tarefeiros, por exemplo.
“Uma redução de 10% nestes custos variáveis que são muito associados à produção é novo, é muito otimista. Vamos certamente trabalhar e dar o nosso máximo, mas estou preocupado”, afirma ao Jornal Económico (JE) Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).
O responsável ressalva que lhe agradaria uma redução destes custos, numa ótica de eficiência e sem prejudicar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde. “Não posso deixar de dizer que é uma meta extremamente exigente”, enfatiza Xavier Barreto.
Sem querer ajuizar a exequibilidade do objetivo traçado, o presidente da APAH diz que, se o corte nos gastos com bens e serviços envolver, por exemplo, “uma revisão profunda do regime de comparticipação de medicamentos, que faça com que o Estado reduza gastos, claro que é possível”. Mas é preciso esperar para a discussão na especialidade para perceber quais os caminhos.
Outra das observações que Xavier Barreto faz à proposta orçamental é que, embora a verba como um todo cresça “ligeiramente” – porque prevê um aumento do investimento face aos 500 milhões executados este ano –, na realidade a despesa corrente cai 1,5%. “É uma preocupação. Não me recordo de nenhum outro orçamento em saúde que reduza a despesa corrente. Sobretudo num contexto de subida de custos e de maior exigência de atividade”, frisa.
Quanto à fatia do investimento, que no OE se aproxima dos 900 milhões, Xavier Barreto avisa: “Não basta prever, é preciso executá-lo”. “Era muito importante que o investimento pudesse assentar num plano plurianual e que essas verbas pudessem estar resguardadas, sem possibilidade de serem utilizadas doutras formas”, remata.
Governo quer cortar 887 milhões em bens e serviços na saúde
Administradores hospitalares estão de pé atrás em relação ao corte de 10% na verba destinada a medicamentos, médicos tarefeiros e meios complementares de diagnóstico. “É uma meta exigente”, diz Xavier Barreto.
