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Governo assume controlo de empresa de chinesa na guerra dos chips

Países Baixos invocaram, pela primeira vez, a lei da disponibilidade de bens, para garantir o abastecimento de microprocessadores essenciais à indústria no país na Europa.

A Nexperia, uma empresa chinesa de chips cuja sede está nos Países Baixos, está no centro de uma polémica entre Haia e Pequim, depois do governo neerlandês ter assumido o controlo da empresa.
Esta foi a primeira vez que o Ministério da Economia invocou a Lei de Disponibilidade de Bens, numa tentativa de salvaguardar o abastecimento de chips em solo neerlandês e europeu.
Estes microprocessadores são utilizados em várias áreas, desde os computadores a automóveis elétricos e a centros de dados de inteligência artificial.
A decisão foi tomada devido ao escalar das tensões entre os Estados Unidos e a China, que já levou o país asiático a aplicar sanções a filiais norte-americanas e a impor novas tarifas a navios com a sua bandeira. Já os Estados Unidos ameaçaram aplicar tarifas de 100% a todos os produtos chineses importados a partir de novembro.
Com esta decisão o ministro da Economia neerlandês, Vincent Karremans, passa a poder reverter ou bloquear decisões do conselho de administração da empresa.
O governo neerlandês já ordenou à Nexperia e a todas as suas filiais para que não alterassem os seus ativos, propriedade intelectual, operações ou pessoal durante um ano. Já com a ajuda do tribunal de recurso de Amesterdão, o executivo conseguiu suspender o CEO da Wingtech, Zhang Xuezheng, do seu cargo de diretor executivo da Nexperia, depois de ter encontrado “razões bem fundamentadas para duvidar” que a empresa estivesse a adotar uma política de gestão ou ações corretas de acordo com a lei civil dos Países Baixos.
Esta decisão não agradou a casa mãe da Nexperia, a Wingtech, que considerou a intervenção uma “interferência excessiva motivada por preconceitos geopolíticos, e não por uma avaliação objetiva de riscos”.
“Esta decisão contraria gravemente a defesa, de longa data, por parte da União Europeia dos princípios de economia de mercado, concorrência leal e normas do comércio internacional”, reagiu a Wingtech. Não concordando com a decisão a China já tomou medidas, decidindo impor uma proibição de exportação à Nexperia. Assim, a sua subsidiária chinesa e os subcontratados estão proibidos de exportar determinados componentes acabados e produtos semiacabados.

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