As ações europeias, nomeadamente o Stoxx 600 e o DAX 40 de Frankfurt, renovaram máximos históricos. A meio da semana, o Stoxx 600 registou a sexta sessão consecutiva de ganhos impulsionado pelos relatórios de lucros positivos que mitigaram as preocupações inflacionistas, sobretudo depois da valorização de quase 8% do preço do gás na Holanda, a principal referência para a Europa.
O preço do gás nos Países Baixos alcançou os 101,30 euros por MWh, a cotação mais elevada desde 18 de outubro. Dados mostraram que a inflação da Zona Euro atingiu 4,1% em outubro, mais do dobro da meta do Banco Central Europeu (BCE) e mais da metade da subida deveu-se ao aumento nos preços da energia.
Os lucros das empresas cotadas no STOXX 600 devem aumentar 60,4% no terceiro trimestre, em relação ao ano anterior, para 103,6 mil milhões de euros, mostraram os últimos dados do Refinitiv, uma queda ligeira em relação à estimativa de 60,7% da semana anterior.
Nos EUA os investidores seguem preocupados com um tapering mais acelerado do que esperado e um aumento de taxas de juro mais cedo do que antecipado pela Reserva Federal dos EUA, após a robustez das vendas a retalho referentes a outubro. Os futuros negociados na bolsa de derivados de Chicago indiciam três subidas de um quarto de ponto cada em 2022. A primeira em junho, a segundo em setembro e a terceira e última em dezembro de 2022, um total de 0,75 pontos percentuais de alta para o intervalo de 0,75% a 1%.
Apesar da subida da inflação, o setor tecnológico nos EUA permanece perto dos máximos históricos. O mercado continua convicto de que o crescimento económico, alicerçado na robustez do setor tecnológico, mais do que compensará a subida de inflação. Os avanços tecnológicos permitem aumentar o diferencial positivo entre o crescimento e o nível de inflação. Ainda que uma subida das taxas de juro, espoletada pelo aumento da inflação, penalize os títulos com uma duration elevada, tal como o setor tecnológico cujo número de cash flows é consideravelmente grande, os investidores antecipam, em virtude das cotações junto dos máximos históricos, um crescimento económico sólido capaz de neutralizar qualquer inflação indesejável. Ou seja, as cotações das empresas tecnológicas norte-americanas não antevêem estagflação.
Esta semana, o euro acelerou a queda face ao dólar e registou novos mínimos dos últimos 16 meses, desde julho do ano passado. Christine Lagarde, presidente do BCE, referiu que a inflação foi penalizada pela subida dos preços da energia, pela recuperação da procura relacionada com a reabertura da economia que supera a oferta limitada, e pela inversão da redução temporária do IVA alemão. Apesar de admitir uma inflação mais elevada durante mais tempo do que esperado, Christine Lagarde continua a antecipar uma inflação a médio prazo abaixo do novo objetivo simétrico de 2% do BCE. Estas palavras debilitaram ainda mais o euro, enfraquecido por um dólar forte que segue suportado pelo início da redução dos estímulos monetários pela Reserva Federal norte-americana no final do mês.