O sector do turismo em Portugal tem sido apontado como um dos principais impulsionadores da economia portuguesa na última década. A quebra abrupta do sector registada em 2020 devido à pandemia de Covid-19 voltou a trazer para cima da mesa o tema da dependência da economia portuguesa face ao Turismo e o seu papel como motor de crescimento. Este foi um dos temas em debate no quinto Observatório Crédito Agrícola/Jornal Económico, dedicado ao tema “Os desafios da diversificação da economia”, no qual os participantes rejeitaram a ideia do turismo como um entrave ao desenvolvimento. Pelo contrário, vêem-no como um catalisador da recuperação, pelo estímulo que exerce noutros sectores, como a indústria têxtil ou o sector agrícola.
O debate, transmitido pela plataforma multimédia JE TV, contou com a participação de Licínio Pina, presidente-executivo do Crédito Agrícola; Jorge Portugal, diretor-geral da COTEC Portugal; Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal; e Célia Gonçalves, secretária-executiva da Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede de Aldeias de Montanha.
“Há uma correlação direta entre a exportação de vinho para determinados países e o crescimento de turistas vindos desses países. Isto vê-se, por exemplo, nos EUA e no Brasil”, afirma Luís Araújo.
Jorge Portugal prefere apontar noutra direção: para a diminuta dimensão das empresas de outros sectores no PIBnacional. “[O turismo], além do seu interesse específico em termos de contribuição económica, tem também aqui um efeito de tração, notoriedade e crescimento para os outros sectores e para Portugal em geral”, defende. “O que se passa é que, para uma economia ser razoavelmente diversificada, tem de haver outros sectores. É um mito, na nossa perspetiva, que a economia portuguesa não esteja suficientemente diversificada. Nós temos um conjunto, uma miríade de sectores industriais transformadores, desde o calçado, ao imobiliário, a metalomecânica, que são sectores exportadores e que têm grande competitividade”, afirma.