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Entrada de João Ferreira nas listas de deputados antecipa subida a líder

Vereador da Câmara de Lisboa ocupa um lugar não elegível, mas isso abre-lhe as portas do Parlamento desde que Jerónimo de Sousa renuncie ao mandato de deputado se deixar de ser secretário-geral.

O mais recente indício de que o antigo eurodeputado e candidato presidencial João Ferreira deverá ser o próximo secretário-geral doPCP foi dado com o anúncio da sua inédita inclusão entre os candidatos da CDU à Assembleia da República pelo círculo da capital. Apesar de o vereador da Câmara de Lisboa, tido como o mais provável sucessor de Jerónimo de Sousa, ocupar um lugar claramente não elegível, sendo 10.º da lista encabeçada pelo líder comunista e em que os quatro eleitos em 2019 voltam a ir a votos, tal presença assegura a sua participação nos debates parlamentares se e quando as circunstâncias mudarem no partido.

Eleito secretário-geral do PCP em 2004, Jerónimo de Sousa foi confirmado na liderança comunista no XXI Congresso, realizado em Loures em novembro de 2020, pelo que - a não ser que a Assembleia da República volte a ser dissolvida -, o seu mandato terminará antes do final da legislatura que terá início na sequência das eleições de 30 de janeiro. Isso permite que uma nova liderança prepare o ciclo eleitoral seguinte. Até porque o secretário-geral que sucedeu a Carlos Carvalhas em 2004 tem agora 74 anos e será então pouco mais novo do que o líder histórico ÁlvaroCunhal era quando abandonou a liderança, já com 79 anos.

Num cenário em que o antigo operário metalúrgico que foi um dos eleitos para a Assembleia Constituinte abandone a liderança do PCP é tido como certo que em simultâneo renunciará ao mandato de deputado, abrindo caminho para que o provável sucessor o substitua, apesar de JoãoFerreira ocupar uma posição relativamente discreta na lista de candidatos por Lisboa entretanto divulgada.

Com Jerónimo de Sousa enquanto cabeça de lista, e os emergentes Alma Rivera e Duarte Alves, ambos com 30 anos, a repetirem o segundo e o terceiro lugares, nem a possibilidade de perda de mandatos indiciada pelos resultados sombrios do PCP nas últimas sondagens deve alterar essa lógica. O lugar que estará mais em risco no círculo de Lisboa é o quarto, onde se volta a apresentar a atual deputada Mariana Silva, mas em representação do PEV, pelo que não entra nestas contas.

Assim sendo, desde que a CDU eleja três ou quatro deputados pelo maior círculo eleitoral, a substituição de Jerónimo de Sousa por JoãoFerreira na Assembleia da República ficaria apenas dependente da renúncia ou suspensão de mandato de Cristina Cruzeiro, ligado ao sector intelectual do PCP, do ex-deputado MiguelTiago, do representante da Intervenção Democrática JoãoGeraldes, e ainda dos sindicalistas ligados à CGTP Cristina Torres e José Manuel Oliveira.

Em comum com Jerónimo (e comCarvalhas), JoãoFerreira teria o facto de haver protagonizado uma candidatura presidencial antes de chegar à liderança do partido, obtendo 180.518 votos (4,32%) a 24 de janeiro, aquando da reeleição de MarceloRebelo de Sousa para um segundo mandato.

Contactado pelo Jornal Económico com perguntas sobre os motivos que levaram a que desta vez o vereador da Câmara de Lisboa, eleito por três vezes para o ParlamentoEuropeu, se candidate à Assembleia da República, o gabinete de imprensa do PCP enviou uma resposta sucinta: “JoãoFerreira integra a lista da CDU a exemplo do que sucede com outros dirigentes doPCP, quer em Lisboa quer em outros distritos”.

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