Aluta pelo mercado global de veículos elétricos está ao rubro. A chinesa BYD superou a Tesla nas vendas globais no último trimestre de 2023, apesar de a norte-americana dominar na totalidade do ano passado.
Contudo, este registo poderá marcar o início de uma tendência: a da ascensão chinesa no mercado global de veículos elétricos. Amarca de Shenzen veio para ficar.
Os próximos anos vão ser marcados por uma luta a nível mundial entre as duas empresas, acreditam os analistas da Bloomberg Intelligence (BI). Os alemães da Volskwagen, os japoneses da Toyota ou os franceses da Stellantis é que estão mais longe nesta corrida. A BI prevê que apenas a partir de 2030 é que a Volkswagen vai aproximar-se da BYD com vendas a atingirem os quatro milhões de viaturas a nível global, para cada uma destas fabricantes. O ranking continuará então a ser liderado pela Tesla com seis milhões de unidades vendidas, que contrastam com os menos de dois milhões em 2023. Em 2030, a Toyota surgirá na quarta posição, com a Stellantis na quinta.
“O aumento da rivalidade entre veículos elétricos deverá fomentar uma competição intensa de preços, pressionando margens, e os mercados poderão continuar fragmentados, com a Tesla a ser o único verdadeiro ator global até os fabricantes tradicionais lançarem as plataformas de nova geração em 2026-2027”, segundo a análise feita pela BI publicada esta semana.
“Por agora, as expetativas de crescimento de elétricos podem derrapar, dada a apatia dos consumidores sobre uma falta de carregadores públicos rápidos e preços elevados, apesar de a China ser uma exceção”.
Quais as fórmulas da BYD para vender mais automóveis? Para começar, o preço: o BYD Dolphin custa cerca de 30 mil euros, contra os 40 mil do Tesla Model 3, os modelos mais baratos destas marcas em Portugal.
Para o analista Seth Goldstein, da Morningstar, a Tesla vai ter de lançar um “veículo mais barato para competir com a BYD” se quiser manter-se como o líder global de VE. “A BYD tenta servir um mercado mais alargado, com veículos mais baratos, juntando-lhes alguns veículos” premium, disse à “Business Insider”.
A BYD tem outro trunfo na manga. Produz baterias para carros elétricos, que representam 30% a 50% do custo total de um carro elétrico (aliás, até vende baterias à Tesla). Um estudo do Morgan Stanley aponta que 90% da cadeia de abastecimento de baterias depende da China, com a BYD e a CATL a dominarem mais de metade do mercado.
Para o analista Marco Silva, a “luta entre a Tesla e a BYD entrou recentemente num novo patamar, desde que a empresa chinesa alcançou e ultrapassou a Tesla no volume de vendas de veículos eléctrico, estando numa excelente posição para solidificar essa liderança, expandindo e reforçando o seu alcance em mercados fulcrais como a Europa, sendo que a BYD beneficia de um forte apoio do estado chinês, para além da enorme mais valia que é estar localizada no país que já hoje domina o campo da matérias-primas para o fabrico das baterias”, segundo o consultor de investimentos.