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‘Mais Habitação’ traz “crispação e incerteza” ao imobiliário de luxo

Investimento a Especialistas ouvidos pelo JE antecipam ano de crescimento neste segmento do sector imobiliário que precisa de resolver três questões: construir para poder ter maior oferta, demora nos licenciamentos e estabilidade fiscal.

Osegmento do luxo imobiliário não ficou indiferente aos desenvolvimentos político-económicos que se verificaram em Portugal no último ano, com especial destaque para o programa ‘Mais Habitação’, que é visto como mais um desafio que o mercado terá de ultrapassar.

“Em vez de ser um pacote que traz confiança e estabilidade, é um pacote que vai sobretudo trazer muita crispação e alguma incerteza, sobretudo a investidores internacionais, que são aqueles que precisamos muito nesta fase também para poder fazer face ao défice de oferta que temos”, afirma em declarações ao Jornal Económico (JE), Miguel Poisson, diretor da Sotheby’s International Realty em Portugal.

Para o responsável da marca de luxo, o foco deve estar na resolução de três problemas: construir para poder ter maior oferta, ter os processos de licenciamento mais rápidos e uma estabilidade fiscal, de modo a que não se esteja sempre a mudar as regras a meio do jogo.

Opinião semelhante tem Daniel Correia, Diretor de Real Estate da United Investments Portugal (UIP), que recorda os efeitos no sector imobiliário provocados pelo fim dos Vistos Gold, bem como do regime do Residente Não Habitual (RNH).

“As eleições, obviamente, que poderão ter um impacto ou positivo ou negativo, no sentido de saber se vai manter-se a manutenção da tendência que tem vindo a existir nestes últimos anos ou se vai haver uma alteração e vai olhar-se de outra forma para o investimento internacional que é realizado em Portugal”, refere o responsável da empresa dona do Pine Cliffs Resort, Sheraton Cascais Resort, Hyatt Regency Lisboa e da Quinta Marques Gomes em Vila Nova de Gaia.

Contudo, Miguel Poisson não tem dúvidas de que, apesar destes constrangimentos, Portugal vai continuar a ser atrativo para o investidor internacional.

“Ao nível da habitação deveriam existir algumas regras fixadas a longo prazo, que permitissem um enquadramento jurídico e que nos próximos dez anos não fossem mudadas”, salienta, acrescentando que dessa forma pessoas fariam os seus investimentos a contar com um enquadramento fiscal estável.

“Tenho a certeza absoluta que conseguiríamos atrair ainda mais investidores para Portugal”, realça o responsável.

Sobre as regiões do país que suscitam maior interesse por parte dos investidores, Lisboa, Algarve e Porto são os que registam maior procura, mas a tendência será em projetos de menor escala.

“Núcleos de cinco, dez, 20, 30 casas vão começar a surgir em zonas mais interiores e zonas de maior beleza natural. Acho que vai ser uma tendência para 2024, embora seja sempre um investimento um bocadinho mais arriscado. Nem todos os grupos estão dispostos a embarcar nesse desafio”, refere Daniel Correia.

Por sua vez, Miguel Poisson destaca que o Algarve continua a ser uma zona por excelência que atrai muitas nacionalidades, onde os britânicos, em particular, “continuam a ter um peso muito importante”.

Por outro lado, a Região Autónoma da Madeira, é vista como uma surpresa, no sentido em que acaba por ser “um pequeno jardim no Atlântico”, que tem vindo a ser descoberto por muitas nacionalidades, muitos americanos, alemães, nórdicos, também muitos franceses.

Por sua vez, o diretor da UIP aponta os três grandes países que vê a ter um volume de expressão significativa ou que sejam mais surpreendentes: EUA, Canadá e Brasil.

“Não obstante, vamos continuar a ver clientes da Europa e Ásia, a querer investir em Portugal”, conclui Daniel Correia.

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