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Xadrez no mundo tecnológico

O autor de “O Principezinho”, Antoine de Saint-Exupéry, antecipou que: “Jogar xadrez é como ser empurrado para fora do tempo”.

O autor de “O Principezinho”, Antoine de Saint-Exupéry, antecipou que: “Jogar xadrez é como ser empurrado para fora do tempo”. Era e é. Afinal, como é o xadrez na idade da tecnologia, em que é atirado para fora do tabuleiro, outrora centro vital onde dois jogadores usavam a memória e a intuição do momento e tentavam encurralar o adversário com jogadas geniais? O mundial de xadrez que decorre agora no Dubai pode ajudar a responder a esta questão de grande significado cultural, porque este é um jogo com raízes milenares. Os oponentes são o aspirante russo Ian Nepomniachtchi (a questão é também política, porque Vladimir Puin quer que o troféu regresse à Rússia, onde o xadrez é quase uma religião) e o atual campeão e favorito, o norueguês Magnus Carlsen. As partidas podem ser seguidas em direto nos principais portais de xadrez (Chess24, Chess.com, ChessBase e ICC e no site oficial do campeonato).

A primeira partida foi lenta, cheia de manobras e subtilezas, durante os seus 45 movimentos. O empate (e outros se seguiram) mostram o nível dos jogadores. Os jogadores são novos (ambos têm 31 anos). Nepo, como o russo é conhecido, chegou a trabalhar para Carlsen. Não é uma surpresa, porque hoje os grandes mestres têm um largo “staff” de colaboradores. Nepo não se perdeu numa árvore de variantes para responder à abertura espanhola de Carlsen na primeira partida e que são impossíveis de memorizar por um ser humano. Mas sabe-se que o russo dispõe da ajuda de um supercomputador do Instituto Skolkovo de Ciência e Tecnologia de Moscovo, mas o de Carlsen não será muito pior.

Mas, no fim, ambos os jogadores estão sós defronte do tabuleiro. Mas a informática mudou a forma de jogar. Sabe-se que não é novidade a existência de uma máquina de jogar xadrez. A nossa sociedade moderna, computarizada, deseja sintetizar tudo em algoritmos. Mas há muito que isso sucede. O primeiro autómato de xadrez foi criado em 1769 por um engenheiro húngaro, o barão Wolfgang von Kempelen, que o batizou como “O Turco”. Este parecia-se com um robot, e era operado por uma série de dispositivos mecânicos colocados dentro de um compartimento de madeira, debaixo de um tabuleiro de xadrez. A partir de 1770 tornou-se um êxito financeiro, porque todos desejavam pagar para a ver funcionar. Só que tudo não passava de um truque: dentro da máquina havia espaço suficiente para lá estar um homem de baixa estatura que a operava, controlando o movimento das peças através de imãs. A vigarice foi descoberta, mas encontrar máquinas que substituíssem os jogadores sempre foi um sonho. Só que, neste mundial há sempre espaço para algo que não está estudado ou programado. E essa é a grande magia do xadrez.

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