A segurança e a soberania alimentares têm de ser uma prioridade política, refletida na gestão dos recursos, como a água, o solo e a mão de obra. Para isso, o setor agroflorestal tem de ser visto como estratégico.
“Sem a vitalidade e o desenvolvimento daquele sector não haverá contribuição para a segurança e a soberania alimentar europeia nem haverá internamente qualquer hipótese de coesão territorial”, diz Álvaro Mendonça e Moura, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), ao Jornal Económico (JE).
Joel Vasconcelos, diretor-geral da Lusomorango, a maior organização portuguesa de produtores do setor da fruta e legumes, reforça que a alimentação tem importância geoestratégica, como tem ficado claro nos atuais conflitos militares em larga escala e na guerra comercial provocada pelas tarifas norte-americanas. Por isso, defende que as questões relacionadas com a produção e a distribuição alimentar têm de subir na escala de prioridades do decisor político. “Tem de ser um desígnio nacional” uma mais eficiente gestão de recursos, como a água, o solo e a mão de obra, diz ao JE.
Álvaro Mendonça e Moura sublinha que estas questões têm de ser colocadas, principalmente, a um nível supranacional, ao nível da União Europeia, que é onde Portugal se integra.
“A nossa visão de segurança e soberania alimentar tem de ser enquadrada dentro do conjunto político a que pertencemos e esse é a União Europeia, daí que tenhamos neste momento pela frente uma batalha prioritária e muito difícil – e que começou mal, com a proposta apresentada esta semana pela Comissão Europeia de orçamento para o período 2028 a 2034 – que é a de garantir que a União Europeia continua a reconhecer a Política Agrícola Comum como uma política não só fundacional mas atual e comum, indispensável para a sua própria preservação como entidade autónoma”, afirma.
O presidente da CAP e Joel Vasconcelos participam esta sexta-feira, 18 de julho, no sétimo colóquio Lusomorango – Faceco 2025, que se realiza em São Teotónio, no concelho de Odemira, no Algarve.
Portugal tem uma Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional desde o final de 2021, que pretende garantir a convergência, a coerência e a participação social na adoção dos instrumentos para a definição de uma visão integrada das matérias da segurança alimentar e nutricional. É um processo em desenvolvimento.
O Colóquio Hortofrutícola é promovido pela Lusomorango em parceria com a Universidade Católica Portuguesa e com o apoio da consultora EY e está inserido no programa “Visão Estratégica para o Agroalimentar – Conhecer para Decidir, Planear para Agir”.
Nele participarão o ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes; Paulo Portas, que foi vice-primeiro-ministro, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e ministro de Estado e da Defesa Nacional; e diversos especialistas.
Segurança e soberania alimentares têm de ser prioridade nacional e europeia
Segurança e soberania alimentares têm de ser prioridade nacional e europeia
