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Sandra Mason: a mulher que vai substituir Isabel II (só em Barbados)

Que pensarão escoceses e irlandeses, que votaram em maioria contra o Brexit, desta liberdade de Barbados tomar nas suas mãos o seu próprio destino?

Barbados, uma ilha das Antilhas próxima da costa da Venezuela, elegeu o seu primeiro presidente, uma presidente, que irá substituir a rainha Isabel II, do Reino Unido, como chefe de Estado. Sandra Mason, atual governadora-geral, representante da própria rainha, foi eleita por uma votação de dois terços numa sessão conjunta da Câmara da Assembleia e do Senado do país – que passará a ser uma república. Tudo isto se passará a 30 de novembro, sem que o assunto tenha chegado às páginas dos principais jornais do ocidente. Será mais uma machadada no neo-colonialismo do Reino Unido, ou apenas um caso pitoresco que sucede numa ilha longínqua? Vale a pena ter em atenção alguns números: a Commonwealth é composta por 54 países, dos quais apenas 15 têm na figura da rainha Isabel II a sua chefe de Estado. Entre estes, estão, curiosamente, os três mais importantes Estados da Commonwealth (sem contar com o próprio Reino Unido): Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Para além do Reino Unido, há mais dois Estados europeus que fazem parte da Commonwealth: Malta e Chipre. E depois há o caso de Moçambique, que entrou para a Commonwealth em 1995 – no que na altura foi considerado pelos mais nacionalistas como uma afronta e pelos mais bem-dispostos como uma decorrência do facto de naquele país o trânsito circular pela esquerda. Bem vistas as coisas, talvez os dois lados tivessem a sua razão. Convém também lembrar que o rei ou a rainha de Inglaterra não é por inerência quem lidera a estrutura da Commonwealth – função que decorre de uma votação entre todos os membros.
De regresso a Barbados – que também é conhecida como a Little England precisamente pela sua exemplar observância das obrigações e devoções decorrentes da ligação com Inglaterra – a ex-colónia britânica, com cerca de 300 mil habitantes, conquistou a independência em 1966 e nada fazia prever que optasse por esta espécie de Grito do Ipiranga em pleno século XXI. Mas para aí entendeu seguir, muito pela astúcia ou talvez mesmo pela argúcia de duas mulheres: Sandra Mason, de 72 anos, governadora-geral da ilha desde 2018, e Mia Mottley, de 58 anos, primeira-ministra desde maio de 2018 e líder do Partido Trabalhista de Barbados.

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