A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) desencadeou um trabalho de auscultação junto dos associados para avaliar os impactos causados pelo apagão energético que deixou Portugal às escuras na segunda-feira e diz já foram reportados prejuízos elevados por cancelamento de turnos, reinício de sistemas e até de destruição de produtos.
“O trabalho de auscultação à nossa comunidade associativa ainda está em curso, mas foram reportadas elevadas perdas devido à obrigatória interrupção da atividade. De resto, em muitas empresas foram cancelados vários turnos em consequência da falta de previsibilidade (do regresso da energia)”, avançou ao JE Armindo Monteiro, presidente da CIP.
Este responsável explica ainda que existem ciclos produtivos cuja interrupção é proibida sob pena de perda total do trabalho iniciado. “Temos também de considerar os custos associados ao rearranque da produção nos casos de empresas em contínua laboração. A situação ganha especial relevo nos setores eletrointensivos”, prossegue, dando conta de que “os impactos/prejuízos foram naturalmente transversais ao tecido empresarial, mas as indústrias agroalimentares sofreram bastante com a longa paragem das linhas de produção, nomeadamente no que concerne aos produtos perecíveis”.
Aliás, frisa, muitos desses produtos foram efetivamente destruídos. Exemplo concreto são os produtos lácteos.
Armindo Monteiro defende que “agora é tempo sobretudo de reativar a atividade económica a 100%”.
“As contas dos prejuízos, e possíveis medidas a adotar para mitigação desses custos, far-se-ão a seu tempo depois do levantamento exaustivo da situação”, remata
Para o presidente da CIP, importante nesta altura é também retirarmos algumas lições e aponta algumas falhas: “a falta de procedimentos previamente estabelecidos para enfrentar este tipo de episódios disruptivos. A inexistência de interlocutores definidos nas primeiras horas. A deficitária resposta de alguns serviços da administração pública (o portal da AT continua com intermitências impedindo por exemplo a emissão de faturas)”. Como uma última nota, Armindo Monteiro salienta a necessidade de melhorar a comunicação com o público. “É fundamental, especialmente face ao elevado potencial de desinformação”, conclui.
Patrões ainda fazem contas, mas temem “elevadas perdas”
Apagão : A CIP - Confederação Empresarial de Portugal está a ouvir os empresários, mas diz que já foram “reportadas elevadas perdas devido à obrigatória interrupção da atividade” causada pelo apagão energético que deixou Portugal às escuras na segunda-feira.
