A vitória do PS parece ser incontornável, dada a larga vantagem que mantém nas intenções de voto relativamente ao PSD, consolidada ao longo da legislatura, ao ritmo da melhoria dos indicadores económicos. No entanto, acontecimentos imprevistos poderão modificar o contexto e aproximar (ou afastar) o PS do objetivo de alcançar uma maioria absoluta nas próximas legislativas. Abalado pelas sucessivas falhas do Estado em garantir segurança (ou socorro atempado) aos cidadãos, desde os incêndios de 2017 até à mais recente queda de um helicóptero do INEM, passando pela derrocada de uma estrada em Borba e ainda o mistério em torno do furto de armas na base militar de Tancos, o Governo do PS já não tem margem de manobra (ou crédito político) para resistir incólume a novos acontecimentos de tamanha magnitude. A vaga de greves, a crise na habitação, os problemas estruturais nos transportes e nos hospitais e a corrida às nomeações de militantes socialistas para cargos dirigentes também poderão fazer mossa, impossibilitando a maioria absoluta. Por outro lado, há que ter em conta as eleições europeias de 26 de maio: se o PSD obtiver um resultado humilhante, Rui Rio poderá ser derrubado da liderança. A quatro meses das legislativas, a eventual mudança de líder do PSD teria efeitos imprevisíveis.