Por cá, os partidos de extrema-direita ainda não conseguiram entrar no Parlamento, como aconteceu, por exemplo, na Alemanha, Itália, ou mais recentemente, na Andaluzia. De igual forma, as forças de extrema-direita ainda não fazem parte dos partidos que reúnem um maior número de apoiantes, nem são a principal voz da oposição ao Governo, como acontece em França, Finlândia ou Dinamarca. No entanto, o Relatório Anual de Segurança Interna de 2017, divulgado em abril, veio alertar que a extrema-direita portuguesa se tem vindo a reorganizar e a conquistar novas franjas da sociedade. Estas organizações são facilmente identificáveis pelo seu discurso anti-imigração, anti-muçulmano e pelo euroceticismo. O seu crescimento é explicado pela crise migratória e financeira que assolou a Europa nos últimos anos e pela aparente incapacidade dos Governos europeus em lhe dar resposta. O relatório das secretas indica que os radicais de direita intensificaram os contactos internacionais e continuam a lutar pela “reconquista da Europa pelos europeus”. A Nova Ordem Social, Lisboa Nossa, Escudo Identitário e Portugueses Primeiro são algumas das organizações que se têm destacado no panorama nacional, mas o seu peso político é ainda pouco percetível. As eleições legislativas agendadas para o próximo ano podem vir a ser o primeiro teste à capacidade destes movimentos, não estando, no entanto, previstas grandes mexidas no espetro político atual, onde os partidos do “arco da governação” continuam a ter uma posição dominante.