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Memórias de uma era televisiva antes da descarbonização

Quarenta anos antes de milhões de seguidores correrem a fazer o streaming de cada novo episódio de “Succession” que a HBO disponibiliza na sua plataforma, outra família tão multimilionária quanto disfuncional concentrava famílias à frente de aparelhos de televisão aos quais não raras vezes faltavam cores além do preto e branco.

Quarenta anos antes de milhões de seguidores correrem a fazer o streaming de cada novo episódio de “Succession” que a HBO disponibiliza na sua plataforma, outra família tão multimilionária quanto disfuncional concentrava famílias à frente de aparelhos de televisão aos quais não raras vezes faltavam cores além do preto e branco. No lugar do conglomerado de entretenimento Waystar que “obriga” a família Roy a fazer a sua versão caseira do “Rei Lear” de Shakespeare, a Ewing Oil que se tornou a empresa fictícia mais conhecida do mundo nos anos 80 do século passado dedicava-se à nada sustentável extração de petróleo.

Tanto tempo decorrido desde a estreia dos primeiros episódios de “Dallas”, que nasceu para ser minissérie e se tornou por mérito próprio um dos clássicos da televisão, com 357 episódios divididos por 14 temporadas (sem falar da segunda série, com alguns dos protagonistas originais, produzida entre 2012 e 2014), as desventuras dos Ewing, magnatas de um Texas dividido entre a criação de gado e a indústria petrolífera podem ser resgatadas da memória onde os menos jovens guardam o genérico (ainda hoje muito imitado), a banda sonora, as interpretações marcantes e os solavancos no guião. Basta encomendar a caixa de DVDque junta todos os episódios e alguns extras, estando tal cápsula do tempo disponível na Amazon por 119,11 euros, numa edição com o relativo inconveniente de só ter legendas em inglês.

Presente “fora da caixa” para quem cresceu a dar por si a “torcer” pelo maquiavelismo e maldade de J.R. Ewing, o primogénito do clã interpretado por Larry Hagman, apesar dos efeitos que ele tinha sobre o desesperado alcoolismo da mulher Sue Ellen (Linda Gray), ou a serenidade do irmão mais novo Bobby (Patrick Duffy), “Dallas”é um atalho para memórias de uma era diferente no entretenimento. Aquela em que milhões matutaram na identidade do assassino de J.R. e deixaram cair o queixo ao darem conta que, a bem da recuperação de uma quebra de audiências, uma temporada inteira foi reduzida a um sonho (assaz prolongado) de Pamela (Victoria Principal), despertada a meio da noite pelo ruído do supostamente falecido marido Bobby a tomar um duche noturno. Ver para crer.

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