A EDPRenováveis (EDPR) vai apertar o cinto perante os ventos adversos no mercado. Miguel Stilwell d’Andrade, presidente-executivo da empresa, anunciou ontem que vai arrumar a casa perante um cenário cada vez mais adverso face ao final de 2023.
A queda nos preços da eletricidade na Europa pesa nas contas, mas também um cenário em que as taxas de juro prometem manter-se altas durante mais tempo, em particular nos EUA, mantendo o custo de capital em níveis recorde.
A companhia anunciou um corte de três mil milhões de euros no seu investimento líquido até 2026 face aos sete mil milhões que estavam previstos. Prevê agora investir quatro mil milhões de euros nos próximos três anos, em termos líquidos, com o investimento bruto a ser de 12 mil milhões de euros entre 2024-2026.
“O mercado mudou nos últimos 12 meses”, disse Miguel Stilwell d’Andrade numa chamada com analistas, também na quinta-feira, depois da apresentação dos resultados da EDPR. “Não estamos a ignorar os sinais. É preciso recalibrar [o plano estratégico]”, disse.
O gestor destacou a queda nos preços da eletricidade, e os elevados custos de capital, apontando que as taxas de juro deverão continuar elevadas durante mais tempo do que o previsto nos EUA, face à zona euro que deverá ver alterações nos próximos meses.
Objetivo: preservar um “balanço saudável”, com foco na melhoria de eficiência, segundo a apresentação feita ao mercado.
A companhia espera agora instalar 10 gigawatts de potência entre 2024-2026, ao ritmo de três gigawatts por ano, dos quais sete gigawatts estão já “assegurados”.
Segundo a atualização, a EDPR prevê que os resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortazações (EBITDA) recorrente atinja 1,9 mil milhões de euros em 2024 e suba para os 2,4 mil milhões de euros em 2026.
Já os lucros recorrentes deverão atingir os 400 milhões este ano, e os 700 milhões em 2026.
A dívida líquida deverá atingir sete mil milhões no final deste ano e no final de 2026.
A companhia prevê produzir entre 40-42 TWh este ano e entre 50-52 TWh em 2026.
Em relação à política de remuneração, o objetivo é manter o programa atual de scrip dividend com um rácio de target payout entre 30-50%.
Segundo o plano de negócios anterior, o grupo EDP esperava investir 25 mil milhões de euros durante este período: 21 mil milhões (85%) em energias renováveis e quatro mil milhões (15%) em redes de eletricidade, um investimento médio anual na casa dos 6,2 mil milhões de euros. A companhia espera acrescentar 4,5 gigawatts de renováveis por ano, num total de 18 gigawatts até 2026 para atingir 33 gigawatts de renováveis até 2026, e para atingir 50 gigawatts até 2030.
A EDPR fechou a sessão de quinta-feira a subir 4,59% para 14,35 euros, com quase 1,5 milhões de ações negociadas, numa valorização de 21,2 milhões de euros para uma capitalização total de 14,69 mil milhões. Já a casa-mãe, a EDP, ganhou 2,13% para 3,699 euros, com 13,7 milhões de ações negociadas. A cotada valorizou 50 milhões de euros, para 15,47 mil milhões de euros.