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Água na fervura. Governo muito otimista, dizem peritos

Peritos detetaram um excesso de otimismo e pedem “maior prudência” nas previsões. Deram parecer positivo, mas alertam para a incerteza geopolítica.

Os peritos orçamentais consideram que o Governo está muito otimista na sua previsão sobre a economia para o próximo ano.
“O Conselho das Finanças Públicas [CFP] endossa as previsões macroeconómicas apresentadas, com a reserva de uma possível sobrestimação do comportamento real da economia para 2026”, segundo o habitual parecer da CFP à proposta de OE.
A organização recorda que a elaboração do parecer tem lugar “num momento de elevada incerteza no panorama macroeconómico” com a economia global a ser “afetada por elevados níveis de incerteza, exacerbada pela imprevisibilidade da política comercial da administração norte-americana e pelo escalar de tensões geopolíticas”.
A instituição presidida por Nazaré Cabral destaca que as “componentes (internas e externas)” encontram-se sujeitas a “diversos riscos desfavoráveis”, havendo a “necessidade de garantir a maior prudência nas projeções orçamentais subjacentes ao OE para 2026”.
O cenário macroeconómico no OE 2026 “afigura-se globalmente como estatisticamente provável. Ainda assim, é de notar a existência de riscos predominantemente descendentes, assinalados neste Parecer, em particular no que respeita ao crescimento do PIB real, que aconselhariam um grau acrescido de prudência e que importa ter em especial consideração no acompanhamento da situação da economia em 2026”, segundo o parecer.
Aponta assim que o cenário macroeconómico do OE “aponta para um crescimento real da economia (...) superior ao antecipado nas projeções mais recentes apresentadas por outras instituições de referência”.
A previsão tem por base a expectativa do crescimento do consumo das famílias, mas a previsão para o consumo privado fica aquém do previsto por outras instituições e não bate certo com a análise da CFP.
Contudo, “a análise confirmou que o crescimento nominal previsto pelo MF para 2025 e 2026 se encontra balizado pelas últimas projeções independentes disponíveis”.
Já em relação a 2025, o CFP aponta que o “crescimento previsto está alicerçado numa expectativa de crescimento das exportações na segunda metade de 2025 que se afigura de difícil concretização e por um crescimento das importações mais baixo, não obstante os crescimentos mais expressivos em todas as componentes da procura com conteúdo importado elevado”, pode-se ler no documento divulgado na quinta-feira após o Governo entregar a proposta do OEpara 2026 no Parlamento.

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