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Três em cada quatro empresas planeiam trabalho flexível

Estudo da Mercer indica que ganhos de eficiência para trabalhadores e empresas justificam manter trabalho remoto ou fazer modelo híbrido.

Mais de ano e meio depois do início da experiência do teletrabalho, empresas e trabalhadores aperceberam-se já, na sua larga maioria, das vantagens associadas a modelos de trabalho mais flexíveis e, agindo em conformidade, manifestam a intenção de adotar esquemas desta natureza, segundo um estudo da Mercer. Este aponta para três quartos das organizações a perspetivarem já alterações organizacionais que passarão por esquemas de trabalho flexível, que poderão passar a constituir fatores de diferenciação para os trabalhadores, cujas preferências também se alteraram depois de vários meses a trabalhar remotamente.

Apesar de ser já uma tendência desde 2019, foi com a pandemia que o trabalho remoto se massificou, dada a necessidade de limitar contactos. O que inicialmente era encarado como um desafio, pela rapidez com que teve de ocorrer a transição para fora dos escritórios, revelou-se um ganho de eficiência para trabalhadores, que ganharam tempo ao não terem de se deslocar para o local de trabalho, mas também para as empresas. Estas reportaram à Mercer Portugal uma produtividade igual ou superior à verificada em modo presencial, aponta o Flexible Work Survey da consultora, o que leva a que três quartos das inquiridas admitam implementar um regime híbrido mesmo após o fim das restrições pandémicas.

Das 80 empresas consultadas, 75% estão já a promover alterações na sua cultura organizacional para acolher esquemas mais flexíveis de trabalho, com igual percentagem a planear um modelo híbrido entre presencial e remoto; 33% pretendem disponibilizar a modalidade remota a tempo inteiro e 30% aplicam já um modelo remoto.
As mudanças deverão também abranger os horários de trabalho, com 71% a planearem horários flexíveis, enquanto 30% consideram horários reduzidos e 21% permitirão aos trabalhadores personalizarem a sua escala. Estas alterações serão, para 74% das empresas inquiridas, voluntárias para cada colaborador.

“O que começou por ser uma medida de contenção da pandemia tornou-se numa mudança das preferências e expectativas dos colaboradores”, resume Vânia Fonseca, senior transformation consultant da Mercer Portugal, acrescentando que 78,5% das empresas reportaram uma produtividade remota semelhante à verificada antes da Covid-19. “As restantes organizações consideram que a mesma aumentou”, acrescenta.

Parlamento vota alterações ao teletrabalho hoje
A mudança de expectativas pode levar a que os esquemas de trabalho passem a ser cada vez mais um fator de diferenciação entre empregadores. “No entanto, para garantir estes efeitos positivos, é importante que a organização tenha uma cultura e liderança que promovam a adoção destes modelos de forma sustentável, que não adotem uma postura de controlo de horas, mas sim de acompanhamento e de desenvolvimento de resultados”, diz Vânia Fonseca.
Nesse sentido, Parlamento deve aprovar nesta sexta-feira alterações às regras do teletrabalho. Prevê-se, entre outras medidas, a limitação de contactos pelo empregador durante os períodos de descanso e a obrigação de os colaboradores em regime remoto se apresentarem na empresa uma vez a cada dois meses.

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