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SEDES destaca contributo do sector industrial paraa recuperação económica

Roteiro para a Industrialização, que será apresentado no congresso da associação, propõe nova matriz sectores/tecnologias, onde se deve incluir sectores tradicionais como o do têxtil, vestuário e calçado.

A Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) critica o modelo económico português, com dependência “significativa” dos sectores do turismo, comércio e serviços de baixo valor acrescentado. E propõe um processo de reindustrialização, adaptado à realidade nacional, com base no “modelo estruturado e lógico, de atuação de vários players“ que deve iniciar-se pelo estudo detalhado e construção pormenorizada da matriz atual sectores-tecnologias, onde se deve incluir, entre outros, sectores tradicionais como o do têxtil, vestuário e calçado, considerados pela SEDES como essenciais no contributo para a recuperação económica.

Num relatório a que o JE teve acesso e que é discutido esta sexta-feira, a SEDES faz um roteiro para a reindustrialização, onde propõe a aposta na indústria, aproveitando os fundos europeus na alteração da matriz industrial com base num modelo da economia do conhecimento, injetando conhecimento e engenheiros nas empresas. E fixa como objetivo da década atingir 60% do PIB em exportações até 2030, com “significativo” aumento do valor acrescentado nacional, em que todos os sectores, incluindo têxtil, vestuário e calçado, “podem e devem concorrer para esse objetivo.

“A construção de uma matriz Tecnologias-Sectores Industriais, constitui uma ferramenta teórica indispensável para a preparação de um programa de reindustrialização, robusto e adaptado à realidade nacional”, defende o relatório do grupo de trabalho para a Indústria, Ambiente e Energia, que define um Roteiro para a Industrialização, coordenado pelo antigo ministro da Indústria, Luís Mira Amaral, e que será apresentado no 5.º congresso da SEDES que se realiza entre 5 e 6 de novembro.

Neste contexto, o documento destaca os sectores tradicionais, como a indústria têxtil, vestuário e calçado, sinalizando-os como “essenciais com o seu contributo para a nossa recuperação económica e para o nosso processo de reindustrialização”. No relatório é defendido que “longe vão os tempos” em que alguns achavam que estes sectores “eram obsoletos pelo facto de serem sectores tradicionais”, acrescentando que “tradicional apenas significa que faz parte da nossa tradição industrial, havendo em todos os sectores empresas que se modernizam e se desenvolvem e outras que não o fazem e desaparecem”.

Para o coordenador deste grupo de trabalho, “o sucesso exportador da indústria têxtil e vestuário e calçado, da madeira e mobiliário, da metalomecânica, da cerâmica e do vidro na fase pré-Covid confirmam isso”. Mira Amaral exemplifica que hoje temos a nossa indústria têxtil e vestuário e calçado “pronta para responder aos desafios das transições digital (modelo da indústria 4.0), energética e ecológica (com o modelo da economia circular)”.

O ex-governante realça ainda que neste sector, a pandemia da Covid-19 veio apenas acelerar um processo de digitalização que já existia com a crescente substituição de lojas físicas pelas lojas digitais e com o crescente recurso às tecnologias digitais em todos os segmentos da cadeia de valor.
Mira Amaral recorda que Portugal estava relativamente atrasado antes da pandemia nas ferramentas de “e-com”, considerando como “necessário uma rápida implementação destas ferramentas pelas nossas empresas, designadamente nos processos de internacionalização”.

De acordo com o relatório, o desafio da economia circular “vai ser crucial” nestas indústrias que geram muitos desperdícios e o desafio da sustentabilidade não será apenas ambiental, energético, económico e financeiro, mas também de “crescente transparência face a consumidores cada vez mais informados desejando conhecer as condições de operação e de produção, como e onde o produto foi feito”.

Na construção de uma matriz tecnologias-sectores industriais, o documento defende que os clusters tecnológicos a considerar, incluiriam, por exemplo, os das tecnologias de informação e comunicação, biotecnologia, tecnologias da saúde, mobilidade (no qual está incluído o automóvel), novas energias e aeronáutica, espaço e defesa.
Já os sectores industriais a considerar incluiriam, por seu lado, os sectores da metalomecânica, bens de equipamento, moldes e ferramentas especiais, electricidade e iluminação, cerâmica, madeira, mobiliário, calçado, cortiça, têxtil e vestuário farmacêutico, química e bioquímica, bioindústria (indústrias da floresta), agroindústria, saúde, ambiente, energia, aeronáutica, espaço e defesa, e ainda automóvel.

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