As muitas dezenas de elementos do Conselho Nacional doPSD que subscreveram a proposta de antecipação do congresso do partido para 17, 18 e 19 de dezembro - em vez de 14, 15 e 16 de janeiro de 2022, datas definidas antes de o chumbo da proposta de Orçamento doEstado para 2022 levar à dissolução da Assembleia da República e marcação de eleições antecipadas - fazem com que a vontade de Rui Rio, que defende o adiamento para depois das legislativas das diretas, nas quais deverá disputar a liderança social-democrata com o eurodeputado Paulo Rangel, podendo juntar-se-lhes o recém-anunciado Nuno Miguel Henriques, dependa da missão difícil de convencer muitos desses conselheiros nacionais a mudarem de posição.
Falando na Assembleia da República, poucas horas antes de MarceloRebelo de Sousa comunicar a data escolhida para a ida às urnas, Rui Rio voltou a apelar ao adiamento das diretas, dizendo esperar “que haja equilíbrio e bom-senso” noConselho Nacional que irá reunir-se neste sábado num centro de congressos em Aveiro.
E apesar de garantir que não irá apresentar uma proposta formal com vista ao adiamento das diretas doPSD - e de recordar que o Conselho Nacional foi convocado por iniciativa de militantes que apoiam PauloRangel, incluindo os ex-presidentes Rui Machete e Luís Filipe Menezes -, o atual líder social-democrata não afastou a hipótese (encarada como provável pela oposição) de haver quem submeta a voto no sábado a manutenção dos atuais órgãos partidários, “a bem do interesse nacional”.
Entre os apoiantes de PauloRangel tem havido algum receio de que a atual direção nacional possa tentar ‘conquistar’ alguns membros doConselho Nacional com promessas de integração nas listas de deputados, mas na candidatura prevalece a confiança de que será possível manter as diretas na data previamente escolhida e antecipar o congresso de modo a que se realize antes do Natal, constituindo uma oportunidade de pré-campanha para as eleições antecipadas em que a nova liderança possa apresentar propostas e protagonistas para governar o país.
No Conselho Nacional doPSD têm assento 125 militantes. Além dos 71 eleitos em congresso, existem muitas inerências - incluindo sete membros da Mesa do Conselho Nacional, 19 presidentes das distritais, dois representantes de cada uma das estruturas regionais, quatro da emigração, dez da Juventude Social-Democrata, cinco dos Trabalhadores Sociais-Democratas e cinco dos Autarcas Sociais-Democratas -, aos quais podem acrescentar-se os militantes que sejam ex-Presidentes da República, ex-primeiros-ministros, ex-presidentes do partido ou ex-presidentes de governos regionais.
Sendo certo que Rio apresentou nos últimos dias o apoio do histórico ex-presidente do GovernoRegional da Madeira Alberto João Jardim, e mantém vários líderes de distritais consigo, como o seu vice-presidente e diretor de campanha Salvador Malheiro (Aveiro), OlegárioGonçalves (Viana doCastelo), Jorge Fidalgo (Bragança), Sónia Ramos (Èvora) e Duarte Pacheco (Oeste), Rangel conta com Alberto Machado (Porto), PauloLeitão (Coimbra), PedroAlves (Viseu), João Moura (Santarém), Luís Santos (Castelo Branco), Gonçalo Henrique (Beja) e Carlos Condesso (Guarda), aos quais devem juntar-se Ângelo Pereira (Área Metropolitana de Lisboa), PauloCunha (Braga), Rui Rocha (Leiria), Paulo Ribeiro (Setúbal) e CristóvãoCrespo (Portalegre).