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Subida de 4% nos custos de saúde vai reforçar cuidados preventivos

Aumento da despesa das empresas com planos de saúde terá reflexo do diagnóstico tardio de algumas doenças devido à pandemia. Algo que agravará gastos no médio e longo prazo, aponta estudo da Aon.

Os custos de saúde das empresas portuguesas deverão crescer 4% em 2022, conclui o mais recente relatório da Aon sobre este tópico, refletindo a crescente cobertura dos planos privados em termos de atos médicos comparticipados, mas também o declínio geral da saúde e o envelhecimento das populações dos países ocidentais.
Tendo em conta a importância cada vez maior dada pelos trabalhadores à existência de seguros de saúde como parte do pacote de benefícios e a ligação entre produtividade e hábitos saudáveis, o investimento das empresas em medidas preventivas deve aumentar, sobretudo face à deterioração da saúde mental e aos adiamentos de consultas causados pela pandemia, aponta a responsável pela área de recursos humanos da seguradora em Portugal.

O aumento de custos de saúde estimado para 2022 surge em linha com o verificado nos últimos anos, começa por afirmar Rita Silva, senior associate of HR Solutions da Aon Portugal, ainda que com um novo motor para este fenómeno. Enquanto no passado recente esta subida estava relacionada sobretudo com o envelhecimento da população, o declínio geral da saúde e a uma cobertura médica disponível cada vez mais extensiva, para o próximo ano a seguradora prevê que se sintam os efeitos da “ausência de diagnóstico e de acompanhamento para algumas situações clínicas consideradas ‘não urgentes’”, fruto de “sucessivos lockdowns [que] impediram que fossem mantidas as rotinas habituais em termos de check-ups e exames de rotina”.

Exemplo deste adiamento, refere Rita Silva, são os “menos 2,5 milhões de exames de diagnóstico”, uma redução que “chegou a ser de 50% no caso das endoscopias”, a diminuição de “11,4 milhões de consultas e tratamentos nos centros de saúde, 3,4 milhões de consultas e urgências nos hospitais e 126 mil cirurgias”, além das “415 mil pessoas [que] não fizeram em 2020 rastreios aos cancros colorretal, da mama e do colo do útero”.

A diminuição da atividade médica não-Covid terá efeitos de longo prazo, visto que “os diagnósticos tardios resultam num aumento dos gastos médicos a médio/longo prazo e numa redução na probabilidade de sucesso no tratamento”.

Assim, torna-se fundamental para as empresas apostarem em métodos preventivos de saúde, numa “estratégia de pessoas e desempenho” que inclua as vertentes de bem-estar, saúde mental e equilíbrio da vida pessoal com profissional, até porque a existência de um plano de saúde é cada vez mais uma das componentes essenciais para os trabalhadores nos pacotes remuneratórios.

Apesar de os seguros de saúde privados terem ainda uma adoção mais baixa em Portugal do que na generalidade dos países da zona euro, a tendência é de crescimento. No final de 2020, já quase três milhões de portugueses tinham seguro de saúde privado, o que representa um crescimento de mais de 3% face ao ano anterior, detalha Rita Silva.

“Este caminho será uma tendência natural nos próximos anos, sobretudo porque as empresas reconhecem, cada vez mais, o bem-estar dos colaboradores como ponto central no sucesso da organização”, argumenta, destacando que, para “87% das organizações portuguesas que participaram no estudo, o bem-estar é importante e é um foco dentro da empresa e reconhecem o seu impacto nos níveis de engagement dos colaboradores, no work-life balance, na produtividade e na retenção do talento”.

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