Há cerca de três anos, em 2018, Dirk Niepoort teve um rasgo de visão e decidiu encomendar à famosa cristalaria francesa Lalique a feitura de uma garrafa magnum (de 1,5 litros). Encheu-a com vinho do Porto de 1863, considerado pelos especialistas um ano mítico por ter sido a última grande vindima do Douro antes da devastação provocada pela filoxera. Entre a superior qualidade do recheio e a singularidade distinta do recipiente, o resultado foi uma entrada direta para a lista de recordes do Guiness Book: o conjunto foi arrematado num leilão em Hong Kong pelo assombroso valor de 111 mil euros. Se não a bebeu, o investidor que se chegou à frente na ocasião, pode sempre gabar-se de ter um artigo de luxo, único, pelo interior e pelo exterior.
Mais recentemente, a Herdade do Rocim, pela mão do enólogo da casa, Pedro Ribeiro, lançou uma edição especial de 800 garrafas do vinho Júpiter, o primeiro da ‘Série Limitada de Vinhos de Outro Mundo’, que está na calha com mais novidades do género para um futuro próximo. A entrada no mercado deste vinho idealizado por Cláudio Martins, líder da Martins Wine Advisor (MWA), foi tabelada por mil euros a garrafa, um preço astronómico, a fazer jus ao nome do vinho. Num plano mais terreno, Pedro Ribeiro confessou ao Jornal Económico que já poucas garrafas sobram deste Júpiter.
São dois exemplos para enquadrar o excêntrico mundo do investimento em vinhos de luxo, que começa a dar os primeiros passos em Portugal. Seis meses após a sua chegada ao mercado nacional, a OENO, empresa britânica especializada em investimento em vinhos raros, promoveu em Lisboa, no JNcQUOI Club, um seminário reservado a investidores, para o qual o Jornal Económico foi convidado. Tratou-se da primeira edição em Portugal do ‘Wine Investment Seminar and Fine Wine Tasting’, que contou com a assistência de mais de uma centena de atuais e potenciais investidores, serviu para explicar o mecanismo de investimento deste ativo e, também, promover a entrada dos vinhos portugueses neste clube restrito.