“O BCE está a colocar muito dinheiro nas economias e, na minha opinião, esse é um risco que pode aumentar a crispação entre o Norte e o Sul da Europa”. A frase é de Poul Thomsen, ex-chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Portugal, que em declarações ao Jornal Económico comentou a resposta da instituição presidada por Christine Lagarde à crise pandémica.
Aquele que foi o primeiro chefe de missão da troika no país, em 2011, esteve recentemente em Portugal para participar no “2021 Fórum Financeiro Outlook”, defendendo que enquanto a Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos é capturada pelos mercados, o BCE é capturado pelas preocupações com os países do Sul com dívidas elevadas.
Para o “Mr. Blue Eyes”, como ficou conhecido aquando do resgate, existe um risco de que a Fed e o BCE apertem demasiado tarde a política monetária. O economista, reformado desde julho, argumentou que a atitude altamente expansionista de empurrar a inflação para 2% a qualquer custo foi “imprudente”, uma vez que a relação entre os hiatos do produto e a inflação foi interrompida, “como fica evidente pela subestimação consistente da inflação do BCE durante vários anos”.