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Subida das exportações alemãs insuficiente para tranquilizar

Alemanha: As vendas ao exterior subiram 6,3% quando o mercado projetava 1,5%, mas a volatilidade recente destes dados não permite grande otimismo. Retalho e indústria continuam a dar sinais negativos.

O superavit comercial alemão disparou em janeiro, mas o mercado quer mais sinais de que a recuperação é real e sustentada, algo que os inquéritos de mercado e indicadores avançados não sugerem. O retalho continua a fraquejar e as encomendas industriais voltaram a cair a um ritmo preocupante, sinalizando que os problemas na maior economia europeia estão longe de resolvidos.

A balança comercial alemã registou um excedente de 27,5 mil milhões de euros em janeiro, uma subida em relação aos 23,3 mil milhões de dezembro (uma revisão em alta) conseguida à custa de um aumento das exportações bastante superior ao das importações. As vendas alemãs ao exterior subiram 6,3% em relação ao mês anterior, superando a projeção de um aumento de 1,5%, enquanto as compras cresceram 3,6%, revertendo parcialmente a queda de 6,7% no mês anterior.

A melhoria das exportações reflete sobretudo uma subida acentuada das vendas a outros países europeus, que subiram 8,9%, mas as importações a parceiros da UE aceleraram 10,8%, deixando o comportamento do saldo comercial como resultado das relações extra-UE. Os EUA continuaram a ser o destino principal dos bens produzidos na Alemanha, apesar do recuo de 1,7% nas exportações, enquanto a China aumentou as compras em 7,8%.

Os dados parecem animadores para uma economia em recessão (a única entre as sete maiores do mundo) e numa crise estrutural após anos de fraco investimento e o fim da energia barata vinda da Rússia (as importações vindas deste país colapsaram 82,4% no ano passado, estando agora em apenas 200 milhões de euros), mas os analistas querem ver mais, “sobretudo dada a volatilidade louca recente”, escreve a Pantheon Macro.
“Temos de ser cuidadosos ao usar dados oficiais mensais como guia para as exportações reais trimestrais no início de 2024”, argumenta o think-tank, lembrando que “a subida do quarto trimestre no excedente comercial real de bens foi cancelada pelo movimento inverso nos serviços”.

Há outros sinais a levantar dúvidas quanto a esta subida. Os índices de gestores de compras (PMI) para as economias europeias divulgados esta semana mostram a Alemanha como o único dos principais países do bloco onde o abrandamento da atividade continua a agravar-se, ao passo que o índice de confiança Sentix germânico caiu pelo terceiro mês seguido, levando o subindicador referente à situação atual a mínimos de julho de 2020.

Por outro lado, o retalho voltou a cair em janeiro, mas, mais importante ainda, as encomendas industriais continuam a recuar. O indicador colapsou 11,3% em cadeia em janeiro, revertendo quase totalmente o avanço de 12% no mês anterior e expondo as deficiências do sector secundário alemão, o motor da economia nas últimas décadas.

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