Olhando para as contas dos seis bancos que já apresentaram resultados dos primeiros nove meses do ano é possível agrupar por desempenho. Os que lucraram mais e menos; os que têm a melhor qualidade da carteira e os que têm o mais baixo custo do risco de crédito (as imparidades do exercício, deduzidas de recuperações de crédito, sobre o total da carteira de crédito). Há também que distinguir os que são mais eficientes; os que registaram mais receitas; e os que produziram mais créditos e captaram mais depósitos. Finalmente há que agrupar os bancos com folga de capital no rácio de Common Equity Tier 1, os que têm rácios com baixa folga, ou mesmo sem almofadas.
O campeão dos lucros e da rentabilidade é a CGD, com 429 milhões, seguido do BPI, com 242 milhões nos primeiros nove meses. O campeão da evolução dos lucros é o Novobanco, que passou de prejuízos de 853 milhões em setembro de 2020 para um lucro de 154,1 milhões de euros. Segue-se o Montepio, que melhorou a conta de resultados em 75%, embora continue com resultados negativos.
As melhores e mais prudentes carteiras de crédito são do BPI, do Santander e da CGD. As piores são, sem surpresas, do Novobanco e do Montepio.
Na eficência (custos/proveitos) o melhor é o Santander Totta, seguido da CGD e depois o Novobanco e os piores são o BPI e o Montepio.
O BPI é dos melhores em aumento de receitas e crescimento do crédito e depósitos. Nas receitas o Novobanco compara bem, mas no crescimento da atividade core (crédito e depósitos) compara mal com os seus pares.
No capital, os bancos BCP, Novobanco e Montepio estão na zona laranja, com baixas folgas de capital. Ao contrário do Santander, da CGD e BPI que apresentam elevada folga de capital.
Nesta análise falta o Crédito Agrícola que só apresenta contas do terceiro trimestre na próxima semana.
Os que mais lucraram nos primeiros nove meses foram, por esta ordem a CGD, o BPI, o Santander (172,2 milhões), o Novobanco e o BCP (59,5 milhões). O Banco Montepio foi o único a registar prejuízos (14,2 milhões), ainda assim melhor dos que os prejuízos de 57 milhões registados no período homólogo.
Mas a maior subida anual dos resultados coube ao Novobanco e a maior queda anual dos resultados ao BCP (59,3%) devido às provisões para riscos de litigância dos clientes com créditos à habitação em francos suíços. O Santander segue-se com um decréscimo de 32,3%. O BPI, pelo contrário, viu os lucros subirem 181% e a CGD regista uma subida de 9,4%.
No que toca à rentabilidade dos capitais próprios a CGD lidera com 6,9%, seguindo-se o BPI com um Return on Tangible Equity de 6%. O Novobanco reportou um RoTE de 5,3%; ao passo que o Santander apresenta um ROE (Return on Equity) de 4,9%. O BCP é aqui dos mais baixos do mercado com 1,4%, só superado pelo rácio negativo de -0,5% do Montepio.
No que toca à qualidade da carteira de crédito o BPI lidera com o menor rácio de crédito malparado (1,5%), seguindo-se o Santander (2,3%) e a CGD com um rácio de NPL de 2,8%. O BCP reportou um rácio de NPE de 4,9%. Os piores são o Novobanco (7,3%) e o Banco Montepio (9,4%). O banco liderado por António Ramalho melhora quando olhamos para o rácio de cobertura por imparidades (81,5%). Aqui a CGD (100%), o BPI (90%) e o Santander (83,4%) continuam a liderar, mas o Novobanco ultrapassa o BCP em imparidades do crédito, já que o rácio de cobertura do banco liderado por Miguel Maya está em 67,9%.
O Montepio não só tem o pior rácio de NPE (Non-Performing Exposure) como tem o mais baixo rácio de cobertura por imparidades (56,1%).
No custo do risco o Novobanco é o pior dos seis bancos (0,61%). Os melhores voltam a ser a CGD (0,11%); o BPI (0,11%) e o Santander (0,33%). O Montepio e o BCP estão ex aequo com 0,60%. O custo do risco é o indicador que mede o custo reconhecido no período, contabilizado como imparidade de crédito na demonstração de resultados, para cobrir o risco de incumprimento na carteira de crédito a clientes, e é uma medida de avaliação da qualidade da carteira de crédito.
No que toca às receitas, e uma vez que a dimensão dos bancos é muito díspare, olhamos apenas para a evolução anual. O banco que mais cresce nas receitas (produto bancário que inclui margem financeira, comissões e resultados de trading) é o Novobanco (32,8%). Seguem-se o BPI (10,2%), o Santander ( 6,4%), a CGD com uma subida de 5,9% o BCP (2,6%) e por fim o Montepio que regista uma queda de 5,4%.
Na margem financeira (receita com juros) a maior subida é também do Novobanco (7,30%). O segundo que mais cresce é o BPI (2,8%) e depois o BCP (1,3%). O Montepio, a CGD e o Santander Totta, registaram uma queda da receita de juros, de 1,9%, 5,9% e 5,7%, respetivamente. Em compensação, o banco liderado por Pedro Castro e Almeida lidera na subida de comissões nas contas de setembro (15%), segue-se o BPI (15,7%), a CGD com 11,8%, o BCP (7,2%) e o Novobanco (5,8%). O Banco Montepio regista uma queda de 0,9%.
No balanço, também por causa das diferenças de dimensão, olhamos para a variação anual. No crédito o banco que mais cresceu foi o BPI (7,5%), seguiu-se o BCP (4,8%), a Caixa (3,4%) e o Santander (2,2%). O Novobanco reportou uma queda de 0,7% e o Montepio de 1,3%.
Já nos depósitos o BPI lidera o crescimento anual (10,9%), seguindo-se o BCP (8,5%), a CGD com 8%, o Santander (4,5%), o Montepio (3%) e no fim da tabela o Novobanco (1,6%).
Finalmente chegamos aos rácios de capital core, o CET1. O banco melhor capitalizado é o Santander Totta (23,9%), seguindo-se a CGD com 18,2%, o BPI com 14,5%. Depois o BCP (11,8%), o Novobanco (10,9%) e o Banco Montepio (10,6%) surgem no grupo dos menos capitalizados e por isso com menores folgas de capital.