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Ações em máximos, apesar de retirada de estímulos no horizonte

Os índices acionistas registam máximos históricos consecutivos e beneficiam dos robustos resultados empresariais.

A Reserva Federal dos EUA (Fed) começará a gradual redução dos 120 mil milhões de dólares de compras mensais ainda este mês, nomeadamente no final de novembro, e planeia que o processo esteja encerrado em meados de 2022. A redução será de 15 mil milhões de dólares mensais (10 mil milhões de dívida pública do tesouro norte-americano e 5 mil milhões de títulos garantidos por hipotecas). A convicção da Fed de que a atual inflação elevada é “transitória” e provavelmente não exige um aumento rápido das taxas de juros, reforçou os máximos históricos dos mercados acionistas, registados há várias sessões consecutivas, impulsionados pelos resultados das empresas acima do esperado.

Os futuros sobre a evolução das taxas de juro da Fed (Fed Funds Rate) indiciam duas subidas de juros em 2022 e corroboram a postura da Fed no que concerne à sua política monetária, alicerçada num primeiro semestre de retirada dos estímulos pandémicos e um segundo semestre de subida dos juros. Uma primeira subida, com probabilidade de 57%, a acontecer na reunião de 15 de junho do próximo ano, ou seja, um aumento de 25 pontos base para o intervalo 0,25% a 0,50%. Os futuros evidenciam também uma probabilidade de 70% de um segundo aumento adicional de 25 pontos base, para o intervalo 0,50% a 0,75%, na última reunião do ano a 14 de dezembro de 2022. A política acomodatícia da Fed tem sido um suporte para os mercados e o S&P 500 mais do que duplicou desde o mínimo de março de 2020, no início da pandemia.

O Banco de Inglaterra (BoE) votou 7-2 pela manutenção da sua taxa de juro de referência no mínimo histórico de 0,1%, aguardando pelo número de desempregadas após a recente extinção do programa de proteção de empregos do governo. Dois membros votaram a favor de uma imediata subida de 15 pontos base. Diante das palavras do governador do BoE, Andrew Bailey, em outubro passado, sobre a necessidade de agir para conter as expectativas de inflação, a manutenção apanhou alguns investidores de surpresa que esperam que o BoE seja o primeiro dos grandes bancos centrais do mundo a aumentar as taxas de juro após a pandemia. O BoE manteve também inalterado o montante de compras de títulos em 895 mil milhões de libras. A seguir ao anúncio, a libra esterlina caiu cerca de 1% face ao dólar norte-americano. O BoE espera uma inflação de 5% em abril do próximo ano.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reiterou esta semana que não teremos uma inflação preocupantemente acima de 2%. As condições monetárias precisam de se manter acomodatícias e, consequentemente, não é previsível que tenhamos subidas nas taxas de juro de referência do BCE em 2022 e 2023.
Hoje é divulgado o relatório de emprego nos EUA relativo ao mês de outubro e é esperado que a economia norte-americana tenha criado 450 mil postos de trabalho, excetuando os agrícolas, e a taxa de desemprego desça para 4,7% de 4,8% em setembro. As previsões económicas da Fed a 22 de setembro projetavam uma taxa de desemprego de 4,8%, justificando a atual postura mais hawkish do banco central dos EUA.

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