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Galp quer apoios do Estado para descarbonizar refinaria de Sines

Andy Brown aproveitou Web Summit para “mini-Blitzkrieg” mediática em que anunciou fim da prospeção de petróleo e gás. E ainda pediu apoio à reconversão de Sines, para evitar um “novo Matosinhos”.

À margem da Web Summit, a Galp Energia realizou esta semana um “mini-Blitzkrieg” mediático. Primeiro foi o anúncio, na terça-feira, de um investimento de 180 milhões de euros em energias limpas. No dia seguinte, num pequeno almoço com gestores e jornalistas, o CEO anunciou que a Galp vai desistir de novas atividades de prospeção de petróleo e gás natural a partir de janeiro. O encontro serviu também para Andy Brown anunciar a entrada no mercado do lítio para baterias e defender uma “parceria” com o Estado para descarbonizar a refinaria de Sines, de maneira a evitar que aquela unidade tenha o mesmo destino que a de Matosinhos, encerrada em abril.

“No longo prazo, na década de 2030, vamos precisar de descarbonizar Sines. Isso significa investir no hidrogénio e outras energias limpas. E eventualmente teremos de encerrar parte da atividade feita com combustíveis fósseis. Para isso será necessária uma parceria com o Governo. O Governo tem de querer criar um futuro para Sines, para evitar uma situação como a de Matosinhos, em que estivemos a perder 800 milhões de euros durante 15 anos. Não era viável. E temos de nos assegurar que Sines continua viável, por Portugal e pelos postos de trabalho”, disse o gestor. “Temos de trabalhar juntos em incentivos para que isso aconteça”, acrescentou, quando questionado pelo JE se são necessários incentivos.

“A transição energética vai exigir que todos trabalhem em conjunto. Vamos precisar de muita inovação e de novas ideias. Sines vai precisar de uma rápida transformação (…). Tudo isto tem de ser feito em parceria com o Estado”, defendeu Andy Brown.
O CEO referiu que a Galp tem estado em contacto com o Governo e que coloca várias propostas em cima da mesa para o futuro da refinaria de Sines, algumas relacionadas com a cadeia de valor das baterias e outras sobre combustíveis sustentáveis, como o hidrogénio. “Creio que o Governo é muito progressista no que toca a adotar soluções à base de hidrogénio. Temos uma boa relação no que diz respeito às oportunidades futuras”, frisou.

Andy Brown defendeu ainda que a Galp “quer estar um passo à frente” na transição energética, em vez de ser “pressionada pela sociedade e pela regulação”.
“Estamos a colocar metade do nosso dinheiro em energias verdes. (…) Creio que somos a primeira grande petrolífera europeia a anunciar publicamente que vai deixar de fazer prospeção de novas reservas”, disse o CEO, acrescentando que isto é possível porque a Galp dispõe ainda de vastas reservas de petróleo e gás natural por explorar em países como o Brasil e São Tomé.

“Por outro lado, somos os primeiros porque a Galp quer fazer uma transição rápida. A Galp quer uma redução de 40% no dióxido de carbono que produzimos até 2030. É muito mais rápido do que qualquer outra empresa. Isto significa que queremos fazer esta transição muito rapidamente. A dimensão da Galp, quando comparada com outras empresas de Oil&Gas americanas e europeias, constitui uma vantagem adicional que facilita a transição para uma nova realidade, menos dependente dos combustíveis fósseis, defendeu Andy Brown.
No âmbito desta estratégia, a Galp vai lançar em breve um projeto que visa entrar no mercado das baterias de lítio, servindo de elo de ligação entre as empresas que extraem este minério em Portugal e as empresas que fabricam as baterias que são utilizadas em telemóveis, computadores, carros elétricos e outros dispositivos.

“Portugal é o país com as maiores reservas de lítio da Europa e o número oito a nível mundial. O lítio é fundamental para o fabrico de baterias, que é uma área que deverá crescer dez vezes até 2030. A União Europeia quer reduzir a dependência da China e Portugal está muito bem posicionado para tirar proveito disso. A Galp, enquanto refinadora industrial, tem os skills necessários e estamos muito entusiasmados com esta oportunidade”, afirmou o CEO, revelando que a empresa pretende atuar como intermediário entre “quem produz este recurso e aqueles que fabricam baterias”.

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