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CGD reserva 500 milhões para riscos de perdas no crédito pós-moratórias

Paulo Macedo não se mostrou preocupado com a subida do malparado no fim das moratórias, mas ainda assim deixou de lado 500 milhões.

Segundo a CGD, mais de 90% dos créditos que tiveram moratórias estão a ser pagos regularmente pelos clientes. No entanto, indicou a administração na conferência de imprensa, a Caixa tem cerca de 500 milhões de euros de imparidades destinadas exclusivamente a precaver um eventual incumprimento de crédito no fim das moratórias que, no essencial, acabaram a 30 de setembro. “É um montante que a Caixa vai gerir em função daquilo que seja a dinâmica da qualidade do crédito, porque há clientes que podem vir a ter problemas mais tarde. Agora, se no futuro se vier a demonstrar que essas imparidades não se justificam serão libertadas. Mas não é algo que se espere para o muito curto prazo”, disse o administrador financeiro da CGD, José de Brito.
Num total, o stock de imparidades para crédito da CGD soma 2,3 mil milhões, das quais 1,5 mil milhões de euros são imparidades alocadas a créditos específicos.

A CGD reportou nas contas do terceiro trimestre uma melhoria da qualidade dos ativos, com um rácio de Non-Performing Loans (NPL) de 2,8% o que, a par do reforço de imparidades, permite atingir um rácio de NPL líquido de imparidades de 0% (se consideradas todas as imparidades de crédito).
O banco reforçou a almofada de imparidades de cariz preventivo para os potenciais efeitos do fim das moratórias, ao longo dos últimos trimestres. As novas imparidades para créditos somam 180,4 milhões (que estão incluídos no total dos 500 milhões). Essas novas imparidades, líquidas das recuperações que foram de 138,4 milhões, redondam em 42 milhões e por isso é que o custo de risco de crédito de apenas 0,11%.

A Caixa reestruturou créditos de 3.000 famílias, com um total de exposição de 330 milhões de euros, e de 600 empresas, com um total de exposição de 150 milhões (acrescem operações ainda em negociação) que estavam sob moratória, totalizando os 480 milhões de euros, anunciou o banco esta quinta-feira.

Paulo Macedo falou ainda da venda carteira de crédito NPL em curso, a “Mercury”. Trata-se de uma carteira granular e não de grandes devedores, de crédito NPL (non-performing) colateralizado (secured). O portfólio Mercury é composto em 100 milhões de euros por crédito malparado residencial e por uma pequena ‘pool’ de REOs [Real estate owned], no montante de 10 milhões de euros. “Houve uma grande procura por esta carteira”, disse Paulo Macedo, que revelou a que razão da venda prende-se com a antiguidade dos créditos e imóveis no balanço da CGD com datas de venda impostas pelo BCE. No caso dos créditos incobráveis, quando são muito antigos geram uma obrigação de abater aos capitais próprios. “A carteira ficará abaixo do 100 milhões depois da análise que tem sido feita a essa carteira”, revelou Paulo Macedo. A CGD reportou que tem imóveis detidos para venda no valor de 448 milhões de euros, ou seja, uma queda de 4,9% face ao valor de dezembro de 2020. A cobertura por imparidades desses imóveis é de 54%. O banco revelou também que em setembro tem 193 milhões de euros em Propriedades de Investimento e 446 milhões em fundos de reestruturação.

Paulo Macedo foi questionado sobre a venda dos banco de Cabo Verde e do Banco Brasil – o Banco Comercial do Atlântico e o Banco Caixa Geral Brasil – e disse que “a CGD fará a sua recomendação este mês ao Governo na sequência dos dois processos”. A CGD deixou de estar pressionada para vender as duas instituições desde que ficou concluído o seu plano estratégico, que implicava compromissos com Bruxelas. Ao contrário do esperado, não significa obrigatoriamente que tenham encontrado um comprador: a recomendação, como em qualquer processo, pode ser vender, suspender ou encerrar.
O CEO recusou que a demora na eleição dos órgãos sociais para um novo mandato esteja a atrasar o novo Plano Estratégico da CGD.

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