A Cervejeira Nortada, um projeto que nasceu em 2015 no casco antigo da cidade do Porto, está a mover-se no sentido de um relançamento que passa, entre outros fatores, pela reorganização da distribuição, disse ao Jornal Económico o CEO e fundador, Pedro Mota.
Inicialmente, o foco da cervejeira era o canal Horeca – hotéis, restaurantes e cafés – mas a pandemia obrigou a empresa a trabalhar numa alternativa ao encerramento: “tivemos que nos adaptar e passar a trabalhar uma posição no canal de venda a retalho” e mesmo no online, um lugar estranho para se comprar cerveja, mas para onde os novos caminhos do consumo criados pela pandemia permitiram diversificar. Aliás, passou a existir um Marketplace de cervejas.
Neste contexto, o primeiro desafio foi manter o posicionamento: “os nossos produtos não podem competir pelo preço na grande distribuição, face às marcas globais” – pelo que a estratégia foi precisamente a contrária: manter preços e apostar no nicho de mercado para produtos premium, que a pandemia acabou por alargar um pouco face à maior disponibilidade financeira dos consumidores. Mesmo assim, acredita Pedro Mota, a Nortada “ganha” no comparativo com a maioria das suas concorrentes ‘naturais’.
Com a abertura da restauração (a cervejeira tem um restaurante nas suas instalações fabris do centro do Porto) e o regresso ainda ‘a conta-gotas’ do turismo, a estratégia da cervejeira é fazer evoluir as vendas até à utilização de toda a capacidade instalada, “o que deverá suceder dentro de dois ou três anos”. Os números sustentam essa perceção: a Nortada vendeu 120 mil litros de cerveja em 2016 – que evoluíram anualmente para os 300 mil e depois para os 600 mil (dos quais 400 mil litros suportados pelo canal Horeca). “Em 2022 queremos atingir o milhão de litros de produção. O nosso limite está nos 1,5 milhões de litros”, refere o CEO da cervejeira. Refira-se que a Nortada também trabalha em ‘private label’: “sim, fazemos a cerveja de outras marcas”, refere o responsável da cervejeira portuense.
Nessa altura, afirma Pedro Mota, irá colocar-se definitivamente a questão do investimento em novas instalações industriais. Neste aspeto, a única coisa que é certa é que esse acrescento de produção não se dará nas atuais instalações, ‘entaladas’ entre prédios centenários e ruas estreitas – com fornecedores e clientes perdidos no labirinto das ruas centrais da cidade. “Temos um armazém na Maia com cerca de três mil metros quadrados” e deverá ser para aí que, no caso de ser decido o investimento, vão rumar as novas instalações fabris, admite.
O que também não está ainda decidido é outro vetor de crescimento, “que poderá passar pelo franchising” e que pode mesmo passar pela aquisição de alguma concorrência ou pelo crescimento da área da restauração. “Já tivemos várias propostas nesse sentido, e estamos a estudar a forma de dar resposta”, referiu Pedro Mota – para enfatizar que “nunca vimos nada que quiséssemos comprar”, o que quer dizer que o investimento de raiz é o caminho natural de expansão. De qualquer modo, “a nossa perspetiva é sermos os gigantes do segmento artesanal”.