O que é que ficou por fazer nestes quatro anos de presidência e que coloca como metas para o próximo mandato?
Assumimos o Benfica num momento muito exigente — com o clube fragilizado institucionalmente, reputacionalmente e financeiramente. Reconstruímos confiança, devolvemos estabilidade, modernizámos estruturas e lançámos projetos estruturantes como o Benfica District, a Cidade Benfica, o aumento da lotação do Estádio e o reforço da ligação às Casas e aos Sócios. A esse caminho de resgate da credibilidade e de sustentabilidade dos resultados da gestão, queremos e vamos somar mais vitórias e mais conquistas de títulos. Não há nenhuma circunstância ou resultado menos conseguido, que esmoreça a determinação em trabalhar para o Clube ganhar mais.
Mas há um caminho que queremos concluir: fazer do Benfica uma potência europeia consolidada, com 500 milhões de euros de receita anual, redução de 100 milhões de euros de passivo e presença permanente nas fases finais da Champions.
O futuro mandato será o da consolidação e da execução — do Benfica District à nova BTV em sinal aberto, nos termos dos compromissos assumidos no interesse do Clube, da expansão internacional da marca à modernização total das infraestruturas. E, claro, da ambição que nunca nos falta: vencer mais, vencer melhor e vencer sempre com alma benfiquista.
Os restantes candidatos criticam a incapacidade do Benfica para ganhar mais vezes e colocam em causa a política desportiva. O que vai mudar para que o Benfica ganhe mais vezes?
Ninguém, mais do que eu, quer o Glorioso a ganhar. O Benfica voltou a ser competitivo, mas partilho o sentimento dos sócios: queremos ganhar mais.
Foi com essa exigência que assumi responsabilidades e mudei o paradigma — remodelámos a estrutura do futebol, trouxemos José Mourinho, um dos melhores do mundo, para liderar o novo ciclo, reforçámos a formação e tornámos o plantel mais equilibrado e valorizado.
Trabalhamos para construir um futuro de resultados mais sólidos e sustentados, afirmando o Benfica em todas as competições em que participa, com o valor da formação do Benfica Campus, ainda agora reconhecido pelo 4.º ano consecutivo como a academia mais valiosa do mundo pelo Observatório de Futebol do CIES, com 93 jogadores formados ativos nas 49 ligas analisadas.
Aqui não há experimentalismos nem aventureirismos, sabemos bem o que é o Benfica, o que custou recuperar o posicionamento atual e o caminho para o reforçar, quando existem incertezas e riscos de soluções anunciadas como milagrosas que não cabem na gestão e na indústria do futebol.
A política desportiva será agora mais integrada e sustentada, com liderança técnica forte, planeamento a longo prazo, coordenação direta entre Seixal e equipa principal, e uma cultura competitiva diária.
Não é um discurso, é uma estratégia: qualidade no plantel, estabilidade na estrutura e exigência máxima em cada jogo. O Benfica não quer apenas participar — quer dominar.
Como é que pretende atingir receitas de 500 milhões e reduzir o passivo em 100 milhões de euros? A venda de jogadores nucleares faz parte dessa estratégia?
O plano financeiro está em curso e assenta em crescimento sustentável, diversificação de receitas e rigor de gestão.
O Benfica SAD apresentou lucro recorde de 34,4 milhões de euros, rendimentos operacionais sem transferências de 230 milhões (+30%) e capitais próprios superiores ao capital social — indicadores únicos no futebol português.
As metas de 500 milhões de receita e de menos 100 milhões de passivo resultam da conjugação de vários fatores: expansão internacional da marca e novos contratos de patrocínio globais (Emirates, Pepsi, EA Sports); crescimento do “matchday” com mais 80 mil lugares no Estádio; exploração do Benfica District, Hotel 1904 e eventos no estádio; gestão eficiente de custos (receitas a crescer 10,8% contra um crescimento de 5,6% dos custos, no anterior exercício).
Sobre as vendas: o Benfica não depende de alienar os seus melhores jogadores para sobreviver, mas faz parte de um modelo responsável equilibrar desporto e economia. Vender com inteligência e reinvestir com critério é o que tem permitido manter o clube forte, competitivo e sustentável.
Como irá gerir o dossier da centralização dos direitos televisivos para que o Benfica não saia a perder, como indica a oposição?
A nossa posição é inequívoca: defender sempre os interesses do Benfica. Temos já propostas vantajosas garantidas para 2026-2028, superiores às atuais, e estamos preparados para a centralização sem perder autonomia nem valor.
O Benfica lidera o mercado televisivo português — representa mais de 40% das audiências e receitas do futebol nacional — e isso tem de ser respeitado. Defenderei que qualquer modelo de centralização assegure valorização proporcional à dimensão e impacto do Benfica, com transparência, critérios objetivos e salvaguarda dos direitos históricos do Clube.
Se os critérios forem justos, o Benfica sairá a ganhar. Se não forem, não aceitaremos acordos que desvalorizem a nossa marca ou comprometam o futuro financeiro. Como sempre, lutaremos pelo que é justo e rentável para o Benfica — com exigência, firmeza e visão. Afinal, connosco, só o Benfica importa.