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Pinto Balsemão: o político, jornalista e empresário que marcou a história do País

Após os cargos no Governo, Pinto Balsemão regressou ao setor da comunicação social, onde viria a construir um dos maiores legados empresariais da comunicação social portuguesa.

Jurista de formação, Francisco Pinto Balsemão foi advogado e jornalista, até se dedicar exclusivamente à vida empresarial, no setor da comunicação social. Fundou o semanário Expresso em 1973, ainda durante a ditadura, e mais tarde, em 1992, a SIC, o primeiro canal de televisão privado a surgir em Portugal. Nascido a 1 de setembro de 1937, em Lisboa, estudou Direito na Universidade de Lisboa e deu os primeiros passos como jornalista no Diário Popular durante os anos 60. O jornal Expresso surge em 1973, quando tinha 35 anos. Numa entrevista ao semanário, em janeiro de 2023, Pinto Balsemão dizia que continuava a considerar-se jornalista e demonstrava "orgulho" em ter o "número de 18" da Carteira Profissional.

Foi primeiro-ministro entre janeiro de 1981 e junho de 1983 e presidente do PPD/PSD entre 1980 e 1983. Depois deste período, regressou ao jornalismo, tendo mantido um papel ativo nas várias fases do Expresso e também da SIC. A sua última intervenção política aconteceu no último mês de setembro. Numa mensagem escrita, Balsemão declarava o seu apoio ao candidato presidencial Luís Marques Mendes, também ex-presidente do PSD. Era também membro do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República.

Na reação à morte de Pinto Balsemão, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinala que Portugal perde "uma das personalidades mais marcantes dos últimos sessenta anos". Numa nota publicada na página da Presidência, o chefe de Estado destaca o papel de Pinto Balsemão como "coautor dos projetos de revisão constitucional, lei de imprensa, lei de reunião e associação e lei de liberdade religiosas", decisivo para "mudar o Portugal" entre o final dos anos 60 e o início dos anos 70. Já depois do 25 de Abril, foi "fundador do PPD, hoje PSD", tendo sido também vice-presidente da Assembleia Constituinte, assinala Marcelo Rebelo de Sousa.
O atual presidente da República destaca os vários papéis desempenhados por Pinto Balsemão na política portuguesa, desde "parlamentar, governante, presidente do partido, primeiro-ministro", destacando também que foi chefe de Governo "durante a revisão constitucional que pôs termo ao Conselho da Revolução, com a transição para a Democracia plena".

"Visionário, pioneiro, criativo, determinado, batalhador, democrata, social-democrata, europeísta e atlantista, esteve em quase todos os combates de meados dos anos sessenta até hoje", salienta Marcelo Rebelo de Sousa, concluindo que Portugal "nunca o esquecerá".
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, recordou Pinto Balsemão como “símbolo da fundação” do PSD e lembrou as muitas vezes que espicaçava o partido para “aprofundar a social-democracia”.

“Em primeiro lugar, queria transmitir daqui uma palavra de muita solidariedade a toda a família do dr. Francisco Pinto Balsemão e dizer que foi com muita consternação que eu próprio recebi em primeira mão a notícia e a transmiti ao Conselho Nacional do PSD. Naturalmente, prestámos já uma muito justa, merecida, calorosa, profunda homenagem àquele que é o símbolo da nossa fundação, dos nossos valores, do nosso percurso enquanto organização cívica, política e instrumento de intervenção no nosso país”, afirmou.