Como tem olhado para a evolução do sector da energia em Portugal nos últimos anos?
Nos últimos anos, o sector da energia em Portugal tem experimentado uma transformação significativa, marcada por um forte compromisso com a transição energética e a meta de alcançar a neutralidade carbónica até 2050. O país tem intensificado o investimento em energias renováveis, como a solar e a eólica, alinhando-se com o Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030). Este plano ambicioso visa aumentar a participação das energias renováveis no consumo final bruto de energia para 49% até 2030, refletindo uma abordagem integrada e sustentável para enfrentar os desafios energéticos.
A eficiência energética tem sido uma prioridade central, com iniciativas destinadas a reduzir o consumo de energia primária em 35% até 2030 e melhorar a intensidade energética da economia. Essas medidas não só impulsionam a sustentabilidade ambiental, mas também fortalecem a segurança energética do país e estimulam a criação de empregos no sector das energias renováveis. A promoção da eficiência energética abrange várias frentes, incluindo a renovação de edifícios para torná-los mais eficientes e a introdução de tecnologias avançadas que minimizem o desperdício de energia.
Além disso, Portugal tem implementado medidas para estimular o investimento em tecnologias verdes e a criação de empregos verdes, essenciais para reduzir a dependência de importações de energia e fortalecer a segurança energética. O impulso nas energias renováveis não só contribui para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, mas também posiciona o país como um líder na transição para uma economia mais verde e sustentável.
A crise energética global, exacerbada pela invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, destacou ainda mais a necessidade de uma matriz energética diversificada e descarbonizada. A evolução do sector da energia em Portugal nos últimos anos reflete, assim, um compromisso sólido com a sustentabilidade e a inovação. As iniciativas em curso estão a transformar o panorama energético do país, preparando-o para um futuro mais verde, seguro e economicamente robusto.
Quais devem ser as prioridades de desenvolvimento?
As prioridades de desenvolvimento do sector energético em Portugal devem focar-se na modernização da rede elétrica, o que é crucial para integrar mais energias renováveis, garantir a estabilidade da rede e suportar o aumento do consumo energético associado à eletrificação dos transportes. Além disso, é fundamental investir na eficiência energética de edifícios e indústrias para reduzir o consumo de energia e as emissões de carbono, com medidas como a renovação de edifícios e a promoção de tecnologias eficientes. O desenvolvimento de soluções avançadas de armazenamento de energia é igualmente essencial para garantir a estabilidade da oferta e a integração de fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica. Apoiar a investigação e desenvolvimento de novas tecnologias energéticas, incluindo energias renováveis, armazenamento e eficiência energética, bem como a formação de profissionais qualificados para operar e manter essas novas tecnologias, é também uma prioridade. Por fim, as políticas governamentais devem simplificar processos administrativos e aumentar os apoios financeiros e fiscais para projetos de energias renováveis, com medidas como a limitação de emissões de carbono e a promoção de padrões de eficiência energética.
Que riscos antevê para o desenvolvimento do sector?
O desenvolvimento do sector energético em Portugal enfrenta vários riscos, incluindo a instabilidade dos mercados internacionais, que pode causar flutuações nos preços da energia devido a crises como a invasão da Ucrânia pela Rússia, afetando a segurança energética e a economia do país. Além disso, dificuldades de financiamento podem limitar o acesso a capital para financiar grandes projetos de infraestrutura e renováveis, retardando a implementação de novas tecnologias e a expansão da capacidade renovável. A falta de investimento contínuo e suficiente em infraestruturas pode criar gargalos e dificuldades na integração de novas fontes de energia renovável, enquanto problemas nas cadeias de abastecimento, incluindo a escassez de matérias-primas críticas, podem atrasar projetos e aumentar os custos. A resistência pública a novos projetos e as preocupações ambientais, como a preservação da biodiversidade, podem dificultar a implementação de infraestruturas energéticas. Por fim, a falta de profissionais qualificados pode ser um obstáculo significativo para a manutenção e operação das novas tecnologias energéticas. Por RSF