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O regresso de Matrix

Serão estas lágrimas reais, questionava-se Morfeu, repleto de confiança no seu mundo real, depois de se desintegrar tudo o que era “Matrix”.

Serão estas lágrimas reais, questionava-se Morfeu, repleto de confiança no seu mundo real, depois de se desintegrar tudo o que era “Matrix”. Mas o que é a realidade, perguntava o mesmo Morfeu a Neo. Não deixa de ser interessante que em 1999, quando surgiu o primeiro “Matrix” (de um conjunto de realizadores desconhecidos, Andy e Larry Wachowski, que hoje são Lana e Lilly), todos se interrogavam sobre o que seria o futuro. Seria um caminho sem regresso parLa um mundo tecnlógico, onde era impossível distinguir a realidade da falsidade? O certo é que o filme se tornou um objecto de culto, como se o universo de Orwell e Huxley se tivesse cruzado com o de Philip K. Dick e Margaret Atwood. Em “Matrix” descobrimos que os seres humanos são escravos num universo de simulações controladas por um computador. Não admirava o sucesso: todos se sentiam inseguros, como se o apocalipse se aproximasse assim que o novo século despontasse.

A Internet, então a entrenhar-se com toda a força na vida social e profissional, ajudou.

Era um mundo em mudança rápida, e as ideias faíscavam. Vivia-se em tensão criativa.

E “Matrix”, apesar do universo concentracionário que desenhava, apresentava um horizonte de esperança. Onde a colaboração, o respeito mútuo, o amor e a liberdade se cruzavam. E onde o comprimido vermelho (que se tomava para despertar da prisão onde se vivia) se confrontava com o azul (para se continuar na sociedade regulada).

Mais de duas décadas depois e após o 11 de Setembro, guerras sem fim, a crise económica e financeira de 2008, as “realidades alternativas” de Trump, uma Internet repleta de desinformação onde cada um pode viver na realidade que deseja, ou a pandemia, chega ao cinema o quarto da série: “Matrix Resurrections”. Com Keanu Reeves e Carrie-Ann Moss. Vivemos num mundo que é talvez ainda mais assustador do que era desenhado pelo “Matrix” original. Onde a tecnologia tudo controla e a data dá todo o poder a quem a detém. Talvez seja um bom motivo de reflexão para estes nossos dias desenhados e guiados pela tecnologia. Quase sem repararmos.

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