Há momento raros em que se pensa ser possível o regresso à juventude, aos lugares únicos e às icónicas peças de arte. Este foi o pensamento que me passou depois de algumas voltas com uma máquina de outros tempos e que afinal está disponível para o comum dos mortais. Falo do Abarth 595, um modelo único do construtor italiano e cujo preço (à volta de 35 mil euros) não sendo modesto, está ao alcance de um condutor millennial ou de um condutor baby boomer. As melhores palavras para descrever este Abarth é paixão e desejo. Os 165 cavalos de potência são mais do que suficientes para permitir sentir a adrenalina a invadir o corpo e a velocidade máxima - que supera os 200 km/h - não pode ser usada por todos porque é preciso ter mãozinhas para conter o “bicho”. A transmissão manual de cinco velocidades é outro elemento que nos faz retroagir no tempo e depois temos o som estridente e que sabemos ser fabricado, mas a verdade é que nos dá um gozo tremendo fazer umas pequenas acelerações dentro do bairro e suscitar a curiosidade e/ou o escárnio de alguns.
Claramente este Abarth é para ter na garagem e sair nuns fins-de-semana; não é para levar para o trabalho e muito menos para fazer férias em família. Este é um carro único, especial e que tem apenas um fã, que é o proprietário. A experiência foi feita num Abarth branco com um logo específico e que dignifica um veículo claramente masculino. É um espécimen que deve ficar na garagem, devidamente aconchegado do frio e que só deve sair com tempo primaveril. O interior é desportivo e respira-se adrenalina e exclusividade com a digitalização a dominar todo o painel de instrumentos. A condução é adaptada a cada condutor, sendo que o radical está no modo sport. Claro que o consumo médio andou pelos 10 litros/100 km, muito longe da média oficial que é de 7,5 litros/100 km. O conforto interior é secundado por uma dinâmica a nível de soluções tecnológicas, como seja o sistema de amortecedores traseiros que lhe dá a necessária estabilidade. No interior, não pode faltar o audível sistema de som e as ligações para Apple CarPlay e Android, além do necessário GPS.
E depois de ligar a música é acelerar e aproveitar toda a potência, deixando os congéneres para trás. É rei na estrada e menos interessante em autoestrada, regista uma muito interessante capacidade de aceleração em curva e um sistema de travagem sem reticências. A aceleração dos 0 aos 100 quilómetros em 7,3 segundos não parece ser um trunfo mas, se pensamos que estamos perante um carro com pouco mais mil quilogramas de peso, o sentido da velocidade e da estrada passa a ser outro.