Margaret Atwood não tem uma boa opinião do futuro. Especialmente se continuarmos a caminhar alegremente para o abismo que vemos à nossa frente. E as suas obras refletem isso. Os seus alvos são bem definidos: o capitalismo decadente, a ânsia do lucro e a engenharia genética. No fundo, a autora não crê muito nas qualidades humanas. Mas também acha que não há muitas hipóteses de alterar a situação. Este “O Ano do Dilúvio” segue-se a “Orix e Crex”, uma obra de 2003, que sintetizava algo que é uma obsessão que a autora segue desde há anos: a possibilidade de alterarmos a natureza humana. Atwood está atenta às novas pesquisas na área de engenharia genética porque algumas delas acabam por ser influências decisivas no passado dos seus personagens.